Meu passado é negro, admito.
Também o de milhões de brasileiros,
Meu passado, sujo, limpava a casa grande.
Meu passado é senzala.
Levantando e sacudindo a poeira,
Meu passado é capoeira.
Ao meu passado, uma salva de palmares,
Que o lombo sangrou a cada chicotada.
Meu passado, no quilombo fez morada.
Em meu presente país latino,
O passado se adaptava.
Meu passado negro ladino.
Corre pra lavoura, estufa o peito,
Que coragem não te falta,
Meu passado negro do eito.
Por um futuro brasileiro,
Meu passado foram 4 milhões de
negros.
Meu passado é navio negreiro.
Sim, senhor. Meu passado é negro.