segunda-feira, 6 de maio de 2013

Argumento 8 – O Paradigma Evolucionista (Além de Darwin).




                                                                   Herbert Araújo - Postagem Revisada

       Do ponto de vista científico, a evolução não é uma teoria, é um paradigma (sistema coeso de teorias que se complementam, falando de maneira simples), e aqui nos deparamos com um ponto importante na nossa discussão acerca da evolução: não é um pensamento criado por Darwin, não se resume às afirmações de Darwin, e o trabalho de Darwin não explica tudo que concerne ou subsidia a evolução, o que ele fez foi apresentar uma teoria muito ampla e consistente que se tornou a maior referência em termos de evolução por tratar da maneira até hoje mais satisfatória a permanência, variabilidade e o surgimento das espécies dentro de um contexto ecológico muito bem estruturado: a variação e origem das espécies por meio da seleção natural.

       Entre os antecessores de Darwin (ou de sua publicação), podemos encontrar grandes naturalistas que já haviam questionado o surgimento das espécies. O mais conhecido deles é Lamarck, que foi o primeiro a despertar de fato a discussão acerca da origem das espécies em seus trabalhos “Philosophie Zoologique”, de 1809 e “Historie Naturelle des Animaux sans Vertèbres”, trazendo pontos importantes como a relevância dos cruzamentos, as relações entre espécies e variedades e a famosa “Lei do uso-e-desuso”, vastamente criticada, o que ofuscou os demais aspectos do seu trabalho. Em 1818 Dr. W. C. Wells publicou o livro “Dois Ensaios sobre o Sentido Rudimentar da Visão”, no qual defendia o princípio da seleção natural, o qual incluía seu artigo sobre o caso de uma mulher branca cuja pele apresentava certa semelhança com a pele negra, lido em 1813 diante da Royal Society. Além deles, podemos citar os trabalhos do Deão Herbert (1822, citado no “argumento 1” desta série), Grant (1826), Frake (1821, propondo que todos os seres vivos descendiam de uma forma primitiva) e o famoso Herbert Spencer, inspirador de Augusto dos Anjos e citado na poesia do mesmo, em 1852 publicou um ensaio comparando as teorias de criação e desenvolvimento dos seres vivos, concluindo que as espécies sofreram alterações, segundo ele, devido às influências ambientais. A lista poderia ser mais completa, mas vamos ser o mais simples possível...

       A publicação do livro “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life” (título por nós conhecido como “A Origem das Espécies”) em 1859, recebeu a contribuição de trabalhos de importantes naturalistas como Fritz Müller (que obteve importantes dados em favor da teoria de Darwin estudando a biodiversidade do Brasil) e Alfred Russel Wallace, que independentemente, chegou às mesmas conclusões que Darwin praticamente ao mesmo tempo (Quem quiser saber os demais naturalistas que contribuíram com Darwin, sugiro que leia a obra dele próprio).

       Após esse período, a evolução por meio da seleção natural vem recebendo inúmeras contribuições e também servindo de reforço a inúmeros outros estudos, desde os trabalhos de Mendel, até Dobzhansky, Mayr, McArthur e Wilson... uma lista enorme de geneticistas, zoólogos, médicos, ecólogos, antropólogos e muita gente, muita construção teórica que, pode não valer como verdade absoluta e incontestável, mas não deve ser pensada como se fosse uma simples teoria baseada em suposições isoladas que caíram nas graças do público. Estamos falando de ciência, e a ciência não se faz nem se critica com base em poucos aspectos, com base em métodos inconsistentes.

      Afinal, como disse o grande Edward O. Wilson “Gênio é o trabalho de muitos associado ao nome de poucos para facilitar a memória”. Ou seja, uma injustiça, como a que eu temo ter feito aqui, pois admito que na lista de pesquisadores que construíram e constroem o paradigma evolucionista, caberiam muitos outros grandes nomes que ainda não estão aqui. Foi só um breve e muito simples texto.

Argumento 9


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