Herbert Araújo - Postagem Revisada
Do ponto de vista científico, a
evolução não é uma teoria, é um paradigma (sistema coeso de teorias que se
complementam, falando de maneira simples), e aqui nos deparamos com um ponto importante
na nossa discussão acerca da evolução: não é um pensamento criado por Darwin,
não se resume às afirmações de Darwin, e o trabalho de Darwin não explica tudo que
concerne ou subsidia a evolução, o que ele fez foi apresentar uma teoria muito
ampla e consistente que se tornou a maior referência em termos de evolução por
tratar da maneira até hoje mais satisfatória a permanência, variabilidade e o surgimento
das espécies dentro de um contexto ecológico muito bem estruturado: a variação e
origem das espécies por meio da seleção natural.
Entre os antecessores de Darwin (ou
de sua publicação), podemos encontrar grandes naturalistas que já haviam
questionado o surgimento das espécies. O mais conhecido deles é Lamarck, que
foi o primeiro a despertar de fato a discussão acerca da origem das espécies em
seus trabalhos “Philosophie Zoologique”, de 1809 e “Historie Naturelle des
Animaux sans Vertèbres”, trazendo pontos importantes como a relevância dos
cruzamentos, as relações entre espécies e variedades e a famosa “Lei do
uso-e-desuso”, vastamente criticada, o que ofuscou os demais aspectos do seu
trabalho. Em 1818 Dr. W. C. Wells publicou o livro “Dois Ensaios sobre o Sentido
Rudimentar da Visão”, no qual defendia o princípio da seleção natural, o qual
incluía seu artigo sobre o caso de uma mulher branca cuja pele apresentava certa semelhança com a pele negra, lido em 1813 diante da Royal Society. Além deles, podemos citar os
trabalhos do Deão Herbert (1822, citado no “argumento 1” desta série), Grant (1826),
Frake (1821, propondo que todos os seres vivos descendiam de uma forma
primitiva) e o famoso Herbert Spencer, inspirador de Augusto dos Anjos e citado
na poesia do mesmo, em 1852 publicou um ensaio comparando as teorias de criação
e desenvolvimento dos seres vivos, concluindo que as espécies sofreram alterações,
segundo ele, devido às influências ambientais. A lista poderia ser mais
completa, mas vamos ser o mais simples possível...
A publicação do livro “On the Origin
of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in
the Struggle for Life” (título por nós conhecido como “A Origem das Espécies”)
em 1859, recebeu a contribuição de trabalhos de importantes naturalistas como
Fritz Müller (que obteve importantes dados em favor da teoria de Darwin
estudando a biodiversidade do Brasil) e Alfred Russel Wallace, que
independentemente, chegou às mesmas conclusões que Darwin praticamente ao mesmo
tempo (Quem quiser saber os demais naturalistas que contribuíram com Darwin,
sugiro que leia a obra dele próprio).
Após esse período, a evolução por
meio da seleção natural vem recebendo inúmeras contribuições e também servindo
de reforço a inúmeros outros estudos, desde os trabalhos de Mendel, até Dobzhansky,
Mayr, McArthur e Wilson... uma lista enorme de geneticistas, zoólogos, médicos,
ecólogos, antropólogos e muita gente, muita construção teórica que, pode não
valer como verdade absoluta e incontestável, mas não deve ser pensada como se
fosse uma simples teoria baseada em suposições isoladas que caíram nas graças
do público. Estamos falando de ciência, e a ciência não se faz nem se critica com
base em poucos aspectos, com base em métodos inconsistentes.
Afinal, como disse o grande
Edward O. Wilson “Gênio é o trabalho de muitos associado ao nome de poucos
para facilitar a memória”. Ou seja, uma injustiça, como a que eu temo ter feito
aqui, pois admito que na lista de pesquisadores que construíram e constroem o paradigma
evolucionista, caberiam muitos outros grandes nomes que ainda não estão aqui.
Foi só um breve e muito simples texto.
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