Herbert Araújo
Durante muito tempo houve grande
debate (principalmente investigado do século XVII ao XIX) acerca do modo como
surgiriam os seres vivos, ou seja, se eles poderiam surgir a partir da matéria
inanimada ou se os seres vivos só surgiriam a parir de outros seres vivos. O
grande cientista francês Louis Pasteur, pôs fim a esse debate por volta de
1860, demonstrando que até os microrganismos só surgem a partir de outros seres
semelhantes (biogênese). Assim, algumas
vezes essa explicação é levantada como argumento contra a evolução, mas isso é
inadequado, pois os trabalhos de Pasteur se estenderam por um período de tempo
curto demais para estudos de biologia evolutiva, onde o tempo é fator muito
importante.
Agora vejamos porque podemos
dizer que mesmo a hipótese da biogênese sendo verdadeira, ela não nega a
explicação evolucionista de surgimento de vida na Terra primitiva inabitada.
Sabemos que os processos evolutivos ocorrem desde a Era Pré-Cambriana, que
começou com o planeta inabitado e terminou com alguns seres vivos simples,
segundo demonstra a geologia, e isso, significa que quando tratamos de evolução
falamos de períodos muito mais extensos do que o que durou os experimentos de
Pasteur. Além disso, Müller e Urey (Universidade de Chicago) demonstraram
experimentalmente, em 1953, que substâncias orgânicas podem se formar a partir
dos componentes inorgânicos simples da atmosfera primitiva (amônia, gás
hidrogênio, metano e vapor d’água) quando submetidos a descargas elétricas -
simulando raios.
Além disso, hoje se sabe que dois
tipos de moléculas orgânicas formadas pelos mesmos átomos das sustâncias
utilizadas no experimento de Müller-Urey (proteínas e RNA) são capazes não
apenas de armazenar informação genética, mas também de orientarem reações
químicas e produzir novas moléculas. O RNA é muito semelhante ao DNA e também
funciona como material genético em todos os seres vivos, e ainda, há vírus
(retrovírus como o HIV, causador da AIDS) cuja molécula que serve de base para
a herança genética é o RNA.
Conectando adequadamente essas
informações comprovadas cientificamente, temos uma transição clara do
inorgânico para o orgânico e do orgânico para o vivo. Além disso, a evolução se
mostra uma boa explicação, pelo fato de que a maioria dos seres que existem
hoje, não teria sobrevivido às condições de eras geológicas passadas, o que
indica que eles foram surgindo depois que essas condições mudaram gradualmente.
E como saber se podemos confiar nas evidências do passado, como fósseis, por
exemplo? É o que veremos no próximo texto.
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