Herbert Araújo
É bom entendermos que as
diferenças que surgem na evolução são verificadas a nível de indivíduo, mas
indivíduos não evoluem biologicamente: as populações evoluem à medida que uma
linhagem de indivíduos que herdam características favoráveis à sua
sobrevivência, sobrevive melhor em determinado ambiente e se torna cada vez
mais numerosa, podendo eliminar os demais, conviver com eles, ou separar-se da
população de origem (deixando de cruzar com os demais e se reproduzindo apenas
entre eles mesmos).
Os meios pelos quais pode haver
separação entre tais grupos podem ser barreiras geográficas, barreiras
fisiológicas (surgirem pequenas diferenças nas substâncias de atração sexual,
por exemplo), ou adoção de comportamento destoante entre os grupos (como diferentes
épocas de reprodução). É a partir daí que pode haver o surgimento de novas
espécies, pois, quando esses grupos se separam, a seleção natural
(sobrevivência do mais apto) faz com que em cada grupo, sobrevivam os mais
adequados a seu modo de vida, e, se cada grupo está em condições de vida
diferentes, as adaptações e seleção produzirão organismos diferentes para
viverem em tais condições, eliminando os mais vulneráveis.
Bem, mas como poderiam surgir
tais diferenças entre seres da mesma espécie? Diferenças individuais, são
verificadas em todas as espécies. Na espécie humana, por exemplo, vemos que
nenhum dos nossos amigos é exatamente igual aos demais nos aspectos físicos
(diferenças fisiológicas não são tão visíveis). Isso está diretamente ligado ao
processo evolutivo: a criação de raças domésticas ou de variedades de plantas
funciona por um princípio difícil de realizar e simples de entender. Quando em
meio a uma criação ou plantação surgem indivíduos com características
desejáveis aos donos, eles muitas vezes são selecionados para se reproduzirem
separadamente e por esse método se produz uma nova linhagem de animais ou
plantas. Fenômenos como mutação e cruzamentos criam nova informação genética constantemente
e isso permite o surgimento constante de características novas.
Como ocorre essa seleção na
natureza? Nós, animais, formamos pares com os exemplares que mais agradam
nossos “critérios” de seleção e também isso faz com que os animais formem
grupos separados (é uma tendência, não há lei infalível em biologia, como afirma Mayr).
Esse processo -orientado por comportamento ou substâncias de atração- é chamado
de seleção sexual. Além disso, na natureza, os seres passam por frequentes
períodos de escassez de recursos e isso elimina indivíduos menos aptos à
competição (tudo isso é seleção natural). Assim se altera a composição das
populações, pois sobrevivem os mais aptos e com maiores chances de se
reproduzirem (herdeiros de caracteres favoráveis). Se esses processos dividirem
a população, deverão surgir linhagens diferentes que tendem a se afastar sempre
mais; se a população continua unida com entrecruzamentos constantes, não será
criada uma nova linhagem ou espécie, apenas haverá a adaptação e microevolução
daquela espécie já existente.