segunda-feira, 18 de março de 2013

Argumento 2 – O surgimento de uma espécie não é tão absurdo como se supõe.

















                                                                                             Herbert Araújo

        Gosta de cachorros? Gostando ou não, estamos cercados por vários deles e se você acha que as espécies não mudam no decorrer do tempo, lembre-se que nem sempre existiu Pit Bull. Outro ponto importante: se você acha difícil que raças se tornem novas espécies, lembre que uma nova espécie surge quando ocorre o isolamento reprodutivo entre raças... Você consegue imaginar o acasalamento entre um enorme cachorro São Bernardo e um “Chihuahua”?

        Se sabemos que esses animais são todos cachorros (e definir uma espécie neste caso é bem complicado), o que há de tão absurdo em afirmar que duas espécies de lobo ou mesmo que lobos e cachorros tenham um ancestral comum? Afinal a diferença entre duas espécies de lobo é bem menor que a que existe entre as raças de cães, tanto para a forma do corpo (morfologia), como para o funcionamento (fisiologia) comportamento (instinto) e uma série de aspectos variáveis para cada grupo, como ecologia, história natural... Sejamos breves.  
Maracujá silvestre (Passiflora cincinata), trepadeira da família 
Passifloraceae. 
      Às vezes, o surgimento de uma nova espécie não precisa de muito tempo. Um grupo de organismos pode ser isolado dos seus ancestrais quase instantaneamente, de uma geração para outra, por meio da poliploidia, um processo muito bem descrito. Simplificando: cada espécie tem um numero, tipos e tamanhos específicos de cromossomos (DNA condensado) no núcleo de suas células. A reprodução sexuada é um ciclo com duas fases: em uma, há um lote de cromossomos (fase haploide); em outra, dois lotes (fase diploide) e na transição entre as duas fases pode surgir uma geração com múltiplos desses números, quer um exemplo?

       Repolho e rabanete têm nove cromossomos cada. Cruzando estas espécies, se produz um híbrido com 18, que gera descendentes com 36 cromossomos em cada célula de seus tecidos. Tais descendentes são geneticamente e reprodutivamente incompatíveis com seus ancestrais (não podem retornar a nenhuma das espécies anteriores), mas é um grupo de organismos férteis e autossuficiente como espécie. Foi a poliploidia que gerou quase metade de todas as espécies de plantas floríferas e uma quantidade menor de espécies animais.

     No Brasil, estudos filogenéticos apontam para a poliploidia e divergência evolutiva em parentes selvagens do maracujá (pelo menos seis espécies já estudadas) na zona da mata da Região Sul e é comum ocorrer reprodução cruzada em mulungu (Erytryna spp.), gênero de plantas muito comum na Zona da Mata e que também podem ser encontradas na Caatinga.

Argumento 3


CONHEÇA UMA PESQUISA NA ÁREA:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/13704/000626430.pdf?sequence=1

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