Em plena atividade: essa foto aí, mostra a vista a vista privilegiada (vizinhos sendo observados pela janela)! |
Ornitologia,
ou seja, o estudo de aves, não é a minha especialidade, mas observo aves desde
pequeno e de certa forma tenho sempre feito um pouco de “birdwaching”. A cor
vermelha sobre a cabeça indica se tratar de um macho (vermelho geralmente
sinaliza virilidade nas aves com dimorfismo sexual), e talvez, esse ninho não
seja ainda definitivo, já que algumas aves fazem ninhos que acabam não sendo
utilizados – o tempo dirá, mas pela frequência com que esses aí (sim são dois:
um com penacho vermelho na cabeça e outro sem) visitam e trabalham no ninho, em
breve, teremos filhotes aparecendo.
Vejam só, nosso agradável vizinho, sendo observado e percebendo isto. Foto: Janaína Araújo |
Bem, vamos
entender por que devemos nos preocupar com eles: os pica-paus são conhecidos
por terem o hábito de perfurar, com seu bico e crânio belamente adaptados, os ramos secos
de árvores dentro dos quais há larvas de insetos se desenvolvendo, as quais
constituem seu alimento. Para encontrá-las, essas aves comumente se valem de
boa audição e assim que acham seu alimento, começam com seu “toc-toc”
característico, perfurando a madeira e capturando as larvas. Encontrar alimento
não é o mais difícil, porque mesmo as árvores menores e até mesmo os arbustos
oferecem insetos se desenvolvendo no interior de seus ramos mortos. O problema
realmente é que eles nidificam no interior de troncos ou galhos velhos de
árvores e por isso necessitam de árvores grandes o suficiente para abrigar uma
“família”, o que está se tornando cada vez mais raro, já que com o
desmatamento, temos cada vez mais arbustos e menos árvores compondo a vegetação
secundária (que ressurge depois do desmatamento).
Os
ninhos feitos próximos às habitações humanas, podem ser um sinal ainda mais
claro de que está se consumando algo que
já suspeitamos há tempos: a redução da vegetação nativa põe em risco cada vez
mais aquelas espécies que necessitam do abrigo das matas para sua manutenção.
Muitas aves, mesmo podendo se alimentar em áreas antropizadas ou de vegetação
mais perturbada, encontram dificuldade para se reproduzirem na ausência de árvores
de grande porte (nessa lista, podemos incluir rapineiras, psitacídeos e os
próprios pica-paus), seja por fazerem seus ninhos no interior dos troncos, como
os periquitos, papagaios, araras, etc. ou por serem ariscas e geralmente
nidificarem em árvores altas (como os gaviões, milhafres, entre outras aves de
rapina). Portanto, esses adoráveis vizinhos merecem atenção mais do que
especial, pois além de estarem fora de seu habitat natural, o que os deixa mais
vulneráveis, podem estar sofrendo pela falta de lugar para reprodução, o
que é uma ameaça ainda maior.
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