Herbert Araújo
Muitos dizem que a evolução não é
possível porque supostamente o DNA não evolui, já que todos os seres vivos
possuem a mesma constituição molecular básica no seu DNA. Isso é reducionismo
constitutivo, ou seja, interpretação errada que surge quando queremos explicar
o mundo vivo por meras descrições moleculares. O DNA não funciona como as
demais moléculas.
O DNA é uma longa molécula constituída por uma
sequência de unidades básicas, como uma corrente com muitos elos, e, tais
unidades, chamadas nucleotídeos, que por sua vez, são formados por três
diferentes tipos de moléculas cujos nomes você não precisa decorar aqui: um
açúcar (desoxirribose), um grupo fosfato e uma base nitrogenada. Essa estrutura
básica está presente em todos os seres vivos e essa sequência de unidades
moleculares forma o famoso código genético, que confere (junto com influências
ambientais) as características dos seres vivos, como cor e forma de partes como
nossos cabelos, olhos, músculos...
Se o código é formado por uma
sequência e quantidade de moléculas (unidades, nucleotídeos), então vejamos por
uma explicação simples como nova informação é criada. Digamos que a senha de
seu e-mail seja 1234. Para modificarmos essa senha podemos fazê-lo de 4
maneiras básicas: a) retirando uma ou mais unidades (por exemplo, ela não será
reconhecida se você digitar 134); b) mantendo a quantidade de unidades, mas
substituindo algum trecho da senha (1235); invertendo a ordem de todo ou parte
do código (4321 ou 1243) ou adicionando unidades (12345). O computador só
reconhecerá a senha 1234, pois as demais representam nova informação. De modo
semelhante, não é necessário que surja um novo tipo de substância para que nova
informação genética seja criada e o código genético evolui (surge nova
informação) sempre que há substituição, exclusão, adição ou inversão das suas
unidades básicas.
O evento de troca ou recombinação ocorre primariamente
durante a meiose (reprodução celular), com o alinhamento de cromossomos
homólogos (em pares). Ocorre um processo de permuta, ou troca de fragmentos de
DNA (crossing over). Isto usualmente
resulta em troca igual e recíproca de informação genética entre cromossomos
homólogos – aos pares. Se os cromossomos homólogos possuem alelos (genes) diferentes,
a permutação pode produzir diferenças genéticas hereditárias de ligação
observáveis, o que é muito frequente. Além da permutação, há um outro mecanismo
que pode resultar em rápidas alterações no material genético. Sequências
similares em cromossomos podem, ocasionalmente parear e eliminar quaisquer
sequências que sejam diferentes entre si. Isto pode resultar em fixação
acidental de uma ou outra variante, gerando um tipo de “substituição” (conversão gênica). Além disso, é
chamativo o fato de que a Doutora Barbara McClintock, estudando milho
multicolorido, detectou pela primeira vez genes que são móveis, que mudam de
lugar entre cromossomos, esses elementos móveis (transpósons), alteram o código
genético e causam mutações (mais informação genética!) por meio da transposição, mais uma “evidência
empírica” de que o DNA evolui.
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