Nova informação genética e novas
características nos organismos podem surgir por acaso, por meio de poliploidia,
transposição, crossing over e um número infinito de mutações que ocorrem por
acaso, mas não é o acaso que determina quais características vão prevalecer, e
sim as exigências do meio em que vivem esses organismos.
Muitas vezes um dos motivos pelos
quais as ideias evolucionistas são rejeitadas é pelo simples fato de algumas
pessoas imbuídas do pensamento humanista misturado com certa dose de orgulho
não aceitarem que o código genético humano tenha surgido por “acaso” durante a
evolução. Outros, como o grande filósofo e teólogo William Lane
Craig, defendem algo como a impossibilidade de o código genético humano
ter surgido do acaso, ou “naturalmente” (discutindo em termos probabilísticos).
Concordo com o Dr. Craig em muitas de suas firmações, mas para quem conhece os
processos biológicos, é um completo equívoco basear uma afirmação acerca dos
processos evolutivos em simples cálculos probabilísticos (geralmente feitos por
físicos, e não por geneticistas ou ecólogos), por motivos muito simples...
Primeiro, a ciência atualmente
considera que para cada problema, deve ser aplicado o método especialmente
desenvolvido para o estudo daquele problema ou área do conhecimento (métodos da
anatomia não explicam processos geológicos, por exemplo), ainda assim, como
afirma Morin, esses métodos precisam ser sempre revistos e aperfeiçoados. Isso
torna um ultraje, uma ofensa ao proceder científico sério e rigoroso alguém
desconsiderar centenas de trabalhos feitos por especialistas e querer trazer um
cálculo desenvolvido em sua área, para fazer afirmações sobre um fenômeno completamente
diferente. Sou um verdadeiro fã da física, mas quando físicos querem tratar de
problemas como metabolismo de DNA, deveriam lembrar que se existem cálculos
específicos para vetores e outros cálculos para a calorimetria, é porque não é
conveniente fazer uma conversão da escala Celsius para Fahrenheit utilizando a Segunda
Lei de Newton.
Segundo, antes que alguém diga
que a biologia não sabe lidar com cálculos, devemos lembrar que há cálculos específicos
para frequência de recombinação gênica, mapeamento genético, primeira e segunda
leis de Mendel (muitos criacionistas radicais parecem só conhecer as leis de
Mendel), dinâmica populacional, biogeografia de ilhas e muitos outros. O que
admiro nos biólogos é que eles sabem quando os cálculos não são suficientes,
enquanto que as pessoas que não sabem fazer cálculos, acreditam muito naqueles
que dizem saber fazê-los.
No próximo argumento vou discutir
a afirmação recorrente feita por alguns famosos (como Adauto Lourenço), segundo
a qual a derrubada da ideia de geração espontânea aristotélica (abiogênese) e
comprovação da biogênese por Luis Pasteur, seria uma prova contra a evolução,
mas isso, é facilmente refutado se considerarmos algo que o Adauto Lourenço,
como físico, deve compreender bem: a escala de tempo.
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