O grande número e a grande diversidade de seres vivos os torna um bom quebra-cabeças a ser resolvido: missão para... TAXONOMISTAS! |
Com o advento da Genética, Biologia Molecular e Bioquímica, tornou-se possível que além da forma dos organismos, pudessem também ser utilizadas características bioquímicas, fisiológicas e genéticas entre outras, aumentando a precisão dos estudos de classificação que, quando abordados a partir do pressuposto da ancestralidade comum e correlacionados ao paradigma evolutivo, chamamos de filogenética.
Significa um grande avanço, mas como
todo processo de classificação, sua credibilidade depende de um esforço
amostral muito cuidadoso e de um tratamento adequado das análises de dados.
É muito comum a ideia errada
de que a filogenética representa o abandono da utilização de características
morfológicas para classificação sistemática dos seres vivos. Na verdade, as
abordagens filogenéticas também utilizam caracteres morfológicos, a questão é que
há espécies distintas que, do ponto de vista morfológico, são idênticas. Nesses
casos, se faz de grande importância a abordagem filogenética, que é cada vez
mais utilizada por taxonomistas, abordando diferentes características, inclusive
genéticas, mas não exclusivamente. E existem sim (é claro!) árvores
filogenéticas utilizando dados genéticos.
Os estudos filogenéticos têm
confirmado que muitos táxons estabelecidos por taxonomistas que utilizaram
classificação morfológica foram mantidos pelos estudos filogenéticos (SOUZA & LORENZI, 2008) e mesmo reconhecidos como
monofiléticos, como a família botânica Asteraceae, um grupo taxonômico
estabelecido tradicionalmente e considerado monofilético sob qualquer tipo de
análise (RAMOS, 2011). O bom mesmo é ver
as evidências morfológicas e moleculares se cruzando na ''reforma da filogenia'',
essa é uma reavaliação importante, pois é assim que a ciência avança, com o
pensamento reflexivo atuando para reinterpretar as tecnologias e diferentes
tendências e teorias.
Para uma discussão completa, clique aqui.
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Alguns casos interessantes de
elucidações e controvérsias entre diferentes abordagens de classificação:
PUMAS DA AMÉRICA DO NORTE
Os mastozoólogos reconheciam
aproximadamente oito subespécies de pumas norte-americanos, entretanto,
análises de marcadores microssatélites e DNAmt não encontrou nenhuma
diferenciação significativa.
TUATARAS
As tuataras são os únicos
sobreviventes de uma ordem primitiva de rapteis e pensava-se que se tratava de
uma única espécie. Estudos de 25 locos de aloenzimas e dados de morfologia,
revelaram se tratar de três grupos, Sphenodon
punctatus punctatus, S. P. western
e S. guntheri.
VERMES-DE-VELUDO
Os vermes-de-veludo (Filo Onychophora),
tiveram reconhecidas apenas sete espécies em 1985, baseada na morfologia.
Agora, são reconhecidas 100 espécies com o uso de aloenzimas e microssatélites.
REFERÊNCIAS
ASSIS,
L. C. S. Sistemática e filosofia: filogenia do complexo Ocotea e
revisão do grupo Ocotea indecora (Lauraceae). Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo. 2009.
FRANKHAM,
R.; BALLOU, J. D.; BRISCOE, D. A. Fundamentos
de Genética da Conservação. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de
Genética, 2008.
RAMOS,
R. R. P. A família Asteraceae Bercht.
& J. Presl em afloramentos rochosos da caatinga paraibana: riqueza,
morfologia e distribuição. 2012.
SOUZA, V. S. & LORENZI, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para
identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG
II. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, 2008.
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