Em
postagem anterior que fiz sobre música aqui no Metalink, eu mencionei a
erudição da música do Sivuca (para ver, clique aqui), que fez sucesso nos palcos e na imprensa europeia (para não
dizer no mundo) e mostrou a maestria com que os nordestinos fazem música, mas
falar só em termos eruditos ou técnicos pode descaracterizar a popularidade da
música nordestina, que é hoje um dos símbolos mais marcantes da cultura
brasileira.
Mesmo
não tendo a honra de ter presenciado uma apresentação do Sivuca, ou do Luiz
Gonzaga, posso, pelos trabalhos mais famosos, como o de Caetano Veloso, Alceu
Valença (que tive a oportunidade de ver em palco, bem como o Geraldo Azevedo,
ótimo cantor, compositor e instrumentista) Zé Ramalho, Gilberto Gil, Armandinho,
Lenine (ganhador de 2 prêmios “Grammy Latino”, um pelo melhor álbum –Falange
Canibal- e outro por melhor canção brasileira -Martelo Bigorna, em 2009-), Zeca Baleiro (também
premiadíssimo), dos roqueiros Raul Seixas, Herbert Vianna e Pitty, e do violonista Canhoto da Paraíba, dizer que a música nordestina é
um oceano repleto de pérolas admiráveis e que não precisam ser lapidadas,
apenas apreciadas.
Se esta humilde postagem fosse uma
lista, seria de um tamanho descomunal devido à quantidade enorme de grandes
nomes, então, vamos esquecer um pouco a quantidade e vamos falar dos aspectos
qualitativos...
Infelizmente, o Forró, um ritmo
característico do nordeste e riquíssimo em estilos e músicos de grande
competência, vem sendo invadido por uma mania de fazer um “forró de plástico”,
descartável e que combina como em poucos casos toda sorte de termos de baixo
nível e apelo pornográfico. No mais, dois ou três acordes, uma ou duas estrofes
que digam qualquer coisa antes de um refrão vago; sob influência das “swingueiras”
ou de qualquer outro modismo descomprometido com qualidade e que recorre a
letras apelativas onde incitações à bebedeira são o principal (e único!) motivo
pelo qual essas músicas são ouvidas, é triste ver que a boa música anda mesmo
esquecida.
“O
pastor virou doleiro, dinheiro virou cultura,
poesia virou salário, vulgaridade, receita.
Deus me livre dessa seita cujo Deus é feio e triste.
poesia virou salário, vulgaridade, receita.
Deus me livre dessa seita cujo Deus é feio e triste.
Se o
belo ainda existe, o belo eu quero procurar.
Outono, verão, inverno, o mundo virou inferno.
Que o diabo pós-moderno, haja fogo pra queimar.” (Zeca Baleiro)
Outono, verão, inverno, o mundo virou inferno.
Que o diabo pós-moderno, haja fogo pra queimar.” (Zeca Baleiro)
Não apenas entre os mais “fiéis” às
raízes, mesmo algumas bandas que tocam um forró com aspectos mais modernos (Mastruz
Com Leite, Magníficos... ) temos exemplos de ótimas bandas fazendo musica de primeira
qualidade. O problema realmente é que os modismos acabam causando um efeito muito
negativo... E que muitos desses artistas que inicialmente faziam uma música
melhor, passam a fazer músicas descartáveis para não desaparecerem em meio à
banalidade (banalizando-se!).
Em tempos de festas juninas, nosso
nordeste resgata o gosto pelo bom modo de se fazer música (isso não deveria acabar no fim de do mês de junho): belas melodias, uma
poesia simples, bons arranjos e mesmo nos trios de forró pé-de-serra, onde a
formação do conjunto é bem simples, se pode ver a qualidade do que se chama
propriamente de forró. Quando entram em cena artistas como Flávio José, Alcymar
Monteiro e tantos outros grandes nomes do forró tradicional, nos parece
inacreditável que tanta gente esteja fazendo sucesso com porcaria: música boa
não falta!
“Cada um curte o que gosta,
Eu sempre pensei assim.
Só gosto de música boa,
Não gosto de música ruim.” (Amazan)
Nenhum comentário:
Postar um comentário