Casal de rolinhas da espécie Columbina minuta. Foto: Vinícius Cavalcanti |
Flora: pelo menos 1500 espécies de plantas vasculares;
Aves:
510 espécies (distribuídas em 62 famílias);
Peixes:
240 espécies pertencentes a sete ordens (ordens mais numerosas: Siluriformes
101 spp e Characiformes 89 spp);
Répteis:
119 espécies (Amphisbaenia 10 spp, Crocodilianos 3, Lagartos 47, Serpentes 52
spp e Testudines 7 spp);
Anfíbios:
56 espécies (Anura 53 spp e Gymnophiona 3 spp);
Mamíferos:
156 espécies (12 spp endêmicas).
Os
dados acima se devem especialmente a duas revisões extensas. A primeira consta
no livro Ecologia e Conservação da Caatinga [editado por Inara Leal, Marcelo
Tabarelli e José Maria Cardoso da Silva, publicado em 2003] e a segunda no
artigo Caatinga Revisited: Ecology and Conservation of an Important Seasional Dry
Forest [ALBUQUERQUE et al., 2012]. Eles mostram de maneira contundente que a região
semiárida é antes de tudo, um lugar rico.
O famoso carcará - Caracara plancus. Foto: Vinícius Cavalcante |
Não
seria possível o desenvolvimento sustentável antes que se conheça o lugar, suas
potencialidades, riquezas e limitações. Muitos são os pesquisadores de diversas
áreas que dão continuidade à produção de conhecimento da região e elaboração de
propostas para sua conservação. Muitas vezes o fazem com pouco incentivo à
pesquisa ou nenhum apoio da esfera política para sua aplicação a essa causa primordial para o
avanço efetivo de qualquer nação, mas sem eles estaríamos muito mais distantes do
avanço necessário. Se hoje sabemos que o semiárido é uma região de beleza e potencialidades, é graças a esses cientistas.
Vegetação
Conhecida
por apresentar na sua vegetação plantas adaptadas à seca, a caatinga é descrita
na literatura científica como um ecossistema que inclui regiões nas quais a
cobertura vegetal assume diferentes fisionomias, ou seja, de acordo com as
condições de solo, umidade e regime de chuvas, sua cobertura vegetal vai desde
áreas florestadas até os afloramentos rochosos, onde predomina a rocha exposta.
A flora da caatinga também apresenta diferenças entre essas regiões, de modo
que muitas espécies de plantas são típicas de algumas partes da caatinga.
Tacinga inamoena, planta comum no semiárido. Foto: Herbert Araújo. |
É
uma vegetação predominantemente arbustiva e de dossel descontínuo, composta por
plantas caducifólias, espinhosas, micrófilas ou mesmo afilas, cuja
distribuição, sob os domínios do clima semiárido, cobre principalmente as áreas
de menor altitude e apresenta-se como uma vegetação sazonalmente seca,
denominada xerófita. A palavra “caatinga”,
de origem indígena, é o termo empregado tanto no uso comum como na literatura
científica para designá-la (Andrade-Lima, 1981). O nome é de origem
Tupi-Guarani (etimologicamente explicado pela junção de “ca’a” significando
mata ou planta, “tî” derivado de “morotî” -branco- e “nga”, derivado de angá -
semelhante) e significa “mata branca” ou “esbranquiçada” (Prado, 2003)
referente ao aspecto condicionado pela perda das folhas na estação seca.
Há
alguma discussão sobre a Caatinga ser um bioma ou não. Para alguns
pesquisadores, a diversidade de fisionomias e diferentes aspectos da Caatinga
em diferentes regiões de sua distribuição representam uma variedade na sua
vegetação que está para além daquela definida por um bioma. Mas para outros, a
Caatinga é sim um bioma, uma vez que sua definição como tal comporta as diferentes
fisionomias.
O pinhão Jatropha molissima em período reprodutivo. Foto: Herbert Araújo |
São
verificadas as seguintes características em comum com relação à vegetação: a)
cobre uma área mais ou menos contínua, submetida a um clima quente e semiárido,
limitado por áreas de clima mais úmido, cuja maior parte encontra-se na Região
Nordeste e uma pequena parte no norte de Minas Gerais; b) possui espécies
adaptadas a deficiências hídricas (verificando-se caducifolia, suculência,
acúleos e espinhos) sendo marcada por um dossel descontínuo de pequenas
árvores, predominância de arbustos e algumas ervas anuais; c) há espécies
típicas desta e ocorrentes em outras áreas secas, mas que não ocorrem nas áreas
úmidas circundantes, de acordo com Giulietti et al. (2003).
Segundo
Coutinho (2006), a caatinga nordestina sensu lato corresponde a um bioma
que se constitui de um complexo de formas fisionômicas distribuídas em mosaico,
como caatinga arbórea, arbustiva e espinhosa entre outras e Rodal et al.
(2008), também corroboram as afirmações acerca da diversidade vegetacional da
caatinga, sendo esta caracterizada pelo predomínio da savana-estépica (caatinga
sensu stricto), mas não se
apresentando homogênea e sim com variada cobertura vegetal em escalas regional
e local, em grande parte determinada pelo clima, relevo e embasamento
geológico.
Para entender melhor a relação entre geomorfologia, clima e vegetação do semiárido, leia o post O SEMIÁRIDO E SEU CLIMA.
Para entender melhor a relação entre geomorfologia, clima e vegetação do semiárido, leia o post O SEMIÁRIDO E SEU CLIMA.
Referências
AB’SABER,
A. N. O domínio morfoclimático das caatingas brasileiras. São Paulo: Instituto
de Geografia, USP, Geomorfologia, 1974.
ALBUQUERQUE,
U. P. et al. Caatinga
revisited: ecology and conservation of an important seasonal dry forest. The
Scientific World Journal, v. 2012, 2012.
COUTINHO,
Leopoldo Magno. O conceito de bioma. Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p.
13-23, 2006.
GALVÃO,
A. C. F. A questão da água no Nordeste. Brasília,MMA/ANA/CGEE, 2012.
GIULIETTI,
A. M. et al. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: SILVA, J. M.
C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M. T. & LINS, L. V. (orgs.). Biodiversidade da
Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. p. 48-90. Ministério
do Meio Ambiente, Brasília, 2003.
LEAL,
I. R.; DA SILVA, J. M. C. Ecologia e conservação da Caatinga. Editora
Universitária UFPE, 2003.
ANDRADE-LIMA. The caatingas dominium. Rev. Brasil. Bot, v. 4, n. 2, p. 149-163,
1981.
PRADO,
Darién E. As caatingas da América do Sul. Ecologia e conservação da Caatinga,
v. 2, p. 3-74, 2003.
SANTANA,
Marcos Oliveira. Atlas das áreas susceptíveis à desertificação do Brasil. 2007.
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