quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

FUÁ NO CONGRESSO UNIVERSITÁRIO DA UEPB!

Herbert C. S. Araújo


                                         

O Congresso Universitário da UEPB, além da apresentação de trabalhos acadêmicos de diversas áreas do conhecimento e demais atividades típicas desses eventos, apresentou um atrativo a mais: o FUÁ (Festival Universitário de Arte, de 3 a 6 de dezembro de 2013 no Campus I da UEPB, em Campina Grande). 

Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual da Paraíba (DCE-UEPB) promove festival de artes e dá um brilho a mais no congresso universitário.



Trupe circense Arlequim no FUÁ
 Como participante do congresso, tive a oportunidade de, além de apresentar minha pesquisa, apreciar um pouco do FUÁ nesta ultima quarta-feira (04/12/2013). Foi simplesmente maravilhoso, até para mim, que não tenho grande habilidade em apreciar o teatro, assistir à peça “Meu Enterro” (texto e direção de Júlio César Rolim), da qual, talvez, não se possa dizer que seja literalmente um monólogo, pois mesmo que seja um único ator em cena (espetáculo solo), a peça dialoga lindamente com os nossos mais profundos sentimentos – e de todos os tipos- no que diz respeito à morte ou quando nos imaginamos abraçando-a, e é isso que a personagem faz em cena de maneira profunda, crítica e um pouco irônica. Quem tiver a oportunidade de assisti-la, vai ver: um único ator vai lhe “levar” a essa estranha viagem de modo bastante atrativo e comovente. Foi um dos destaques do FUÁ, que levou arte ao Campus I da UEPB.


O festival visou incluir também fotografia, dança, cinema/vídeo, mais peças teatrais, música, literatura pintura e outras artes plásticas, com os artistas fazendo exposições que, indubitavelmente, vale a pena serem apreciadas. 
FUÁ: essa ideia  do Diretório Central dos Estudantes (DCE-UEPB), um festival de arte no meio do Congresso Universitário da UEPB realmente merece repetição! (Imagens e videos: Herbert Araújo)


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Caixa Preta da Amazônia: a ignorância gera perdas incalculáveis para o Brasil.

Herbert C. S. Araújo

      O Field Museum, de Chicago, Estados Unidos, apresentou recentemente os resultados de uma pesquisa feita por sua equipe de cientistas na Amazônia brasileira que representa um grande avanço na compreensão dessa floresta tão grandiosa e tão agredida. A matéria exibida no site do Field Museum sob o título “THE AMAZON’S BLACK BOX” traz dados importantes sobre os quais faremos um breve comentário aqui no Metalink, afinal, o Brasil perde bilhões a cada ano simplesmente por não cuidar da sua biodiversidade e nem ao menos conhecê-la adequadamente.

Os patriotas que me perdoem, mas nós, brasileiros, deveríamos agradecer essa “invasão” estadunidense na floresta amazônica. O Field Museum está de parabéns! Essa é uma iniciativa que não deve causar indignação, mas sim servir de exemplo (entre tantos outros) para que vejamos que se os estrangeiros estão a tanto tempo investindo pesado em pesquisas nas nossas florestas, é porque elas são importantes mesmo, e o Brasil tem que valorizar a pesquisa científica voltada para seu patrimônio biológico se não quiser ficar mais para trás do que já está. Enquanto o governo brasileiro tenta destruir uma vasta área de floresta ao construir a usina de Belo Monte, no Pará, para suprir uma demanda que é mais do interesse empresarial que da matriz energética propriamente dita, os estrangeiros, que são sempre mais inteligentes, vêem uma riqueza muito maior: o patrimônio biológico, que é a riqueza de um país na forma de biodiversidade.

VAMOS AOS DADOS...

                Primeiro os números: segundo o site, o número estimado de árvores na Amazônia se aproxima do número de estrelas da Via Láctea – MEIO TRILHÃO DE ÁRVORES!   O número de espécies também é bem grande: 16 000 ESPÉCIES de árvores. Relacionando alguns outros números, podemos ver a ameaça de extinção: metade de todas as árvores na Amazônia pertence a apenas 227 espécies, o que significa, em termos ecológicos, uma diversidade total de apenas 1,4%. Pois é, a diversidade da Amazônia é bastante baixa, falando nestes termos, embora possamos falar que é uma floresta rica em número de espécies. Sim, mas o que isto significa?
                Quer dizer que enquanto algumas espécies de árvores possuem uma grande população, existem muitas espécies que apresentam poucos exemplares (chamados de “indivíduos” na ecologia de populações) e o estudo revelou que na floresta amazônica existem 6 000 espécies de árvores que correm risco de extinção porque suas populações apresentam menos de 1000 indivíduos por espécie. Mil árvores é um número muito pequeno para representar uma espécie. Na verdade, uma população desse tamanho, com uma área de distribuição restrita, pode desaparecer em um único desmatamento (na criação de uma nova fazenda ou uma hidrelétrica, por exemplo).
                Falando de maneira ainda mais clara: só com base nesses dados já temos seis mil espécies de árvores amazônicas que apresentam-se em condições de entrar para a “Red List”, que é a Lista de Espécies Ameaçadas, da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).

Quanto vale, em dinheiro, esse monte de planta?

                Os valores totais são realmente incalculáveis, mas tomemos um único exemplo, o exemplo da indústria farmacêutica. Eu assisti há poucos dias a uma palestra de um pesquisador da área da fitoquímica (que estuda os componentes químicos das plantas), o Prof. Dr. Emídio Cunha e ele falou que a última vez que o seu grupo de pesquisa isolou um fármaco de uma espécie de planta (e elas possuem muitas substâncias úteis), a patente foi vendida por 50 milhões de libras esterlinas mais um milhão por ano durante vinte anos! Isso é só o valor imediato de uma única substância de uma planta! Lembra que a Amazônia possui meio trilhão de árvores e 16 000 espécies? Essas árvores podem gerar muito dinheiro sem ser derrubadas. Sem falar nas espécies animais!

      E a energia elétrica? Bem, vamos fazer de conta que o sol que irradia aqui no Brasil e os ventos que sopram não sejam suficientes para que se complemente nossa matriz energética. Por que construir uma usina daquelas no meio da Amazônia? Ta na cara que por questões de acesso, capacidade de armazenamento a longo prazo, declividade e condições ambientais diversas, aquela usina foi projetada para o pior lugar possível! Não há solução tecnológica capaz de compensar a perda irreversível de informação e biodiversidade, sem falar também nos incontáveis conflitos sociais gerados.

E como seria se o Brasil também investisse mais na pesquisa?

Bem, de uma única vez, foram reveladas por pesquisadores brasileiros (em um esforço heroico e raro num país como o nosso, que não é de grandes investimentos na pesquisa, ao menos não tanto quanto se necessita) esse ano 15 novas espécies de aves descobertas na Amazônia! Foi esforço coletivo do Impa (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de Belém, Museu de Zoologia da USP e Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania (LSUMNS), Estados Unidos. Pois é, os Estados Unidos sempre tomam parte nas pesquisas e temos mais é que agradecer, não é por acaso que o Field Museum lidera nas pesquisas com árvores amazônicas: talvez, os brasileiros que trabalham para o Field Museum, dificilmente receberiam condições tão boas para trabalhar se dependessem do governo brasileiro, já que a maior iniciativa para o estudo da botânica se deu no Período Imperial, com a construção do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (esta república, como disse Fritz Müller, não é melhor que o império, do ponto de vista científico).
                É corriqueiro os brasileiros reclamarem calorosamente do interesse dos estrangeiros na Amazônia, mas não se dão ao trabalho de pensar no descaso que nós, brasileiros, temos com uma questão tão crucial para o desenvolvimento científico, político e econômico do país, que é conhecer melhor o nosso incalculavelmente rico patrimônio biológico. Eu concordo que a gente não deve entregar a Amazônia para os estrangeiros, mas se não fosse por eles, A GENTE NEM TERIA IDEIA DA IMPORTÂNCIA DA AMAZÔNIA, AFINAL, O BRASIL É O CÚMULO DO ATRASO E DESVALORIZAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Um Dia Realmente Especial


Herbert Araújo

Eu sempre pensei se em algum momento da minha vida eu iria conseguir vivenciar de uma forma verdadeira e simultânea duas sensações extraordinárias (principalmente quando a sentimos ao mesmo tempo): a sensação de realização e uma vasta esperança no futuro! Isso foi algo tão surpreendente e encantador que resolvi escrever imediatamente para compartilhar com tantas pessoas quanto pudesse. Algo tão incomum que eu nem sei se as pessoas que lerem isso vão compreender, mas a verdade é que é impossível haver realização se não é valorizado e vivido com verdade e intensidade o presente, a lembrança de quem se foi e a esperança no que ainda há de ser...



A data: 03 de Setembro de 2013. Acordei cedo para um dia que aparentemente não passava de um dia normal - e um tanto chato – para resolver alguns detalhes burocráticos que não me interessavam diretamente. Eu sabia que iria passar longas horas em uma sala de espera e tinha duas opções (muito boas!) de livro para levar e ler enquanto passava o tempo: “A Tempestade” (Shakespeare) ou “A Origem das Espécies” (Darwin)... Feita a escolha, eu fui  acompanhando minha mãe na cidade vizinha com um misto de preguiça e boa vontade em ajudá-la e chegando lá sentei para ler aquilo que para qualquer um que me conheça, não foi uma escolha surpreendente. Sim, o livro do grande Shakespeare é bom, mas lá eu me encontrava finalmente desperto da preguiça e qualquer vestígio de sono, lendo a obra mais revolucionária da história da Biologia, já no capítulo que fala sobre hereditariedade (vale lembrar que na noite anterior eu tinha feito uma complicada prova de genética e a expectativa era na manhã seguinte dar início ao meu novo curso – genética!)

Campina Grande-PB (foto de
 José Joelmo P. Araújo)
Na volta para casa, após ter tido que interferir na grosseria que a funcionária estava dirigindo à minha mãe por um erro do próprio sistema utilizado por eles (da repartição pública) usando meu instinto de defesa e, mais tarde, de sobrevivência, para não ser atropelado no trânsito frenético do centro, peguei um coletivo e nele vinha um cara da minha cidade que faz o mesmo curso que eu. Universitários e alunos de diversos níveis transitando nas ruas como todos os dias, um velório na câmara de vereadores... E a vida seguindo, apesar das mortes. Apesar das situações não muito empolgantes do dia, chegando já no sítio (agora, mais precisamente na casa da minha vó, onde vi uma “rosa-do-deserto”, estranha, mas interessante) eu fiquei no alpendre como foco dividido entre a conversa e as plantas na frente da casa como se ainda tivesse os mesmos doze anos de quando eu me embrenhava no mato tentando descobrir qual era a nova parte do mundo que eu ia descobrir sobre um galho ou sob a forma de um inseto cujo corpo excêntrico e monstruoso em miniatura me despertasse outro misto: de surpresa e curiosidade. Até aí um dia com altos e baixos, apenas estranho,...

Chegando em casa, faço algumas ligações (para o pessoal da universidade, querendo saber como andam os trabalhos e para a namorada, como de costume). Com a volta do sono eu dou um cochilo e logo levanto com uma visita corriqueira de parentes. Foi quase sobrenatural pisar fora de casa quase voltando a dormir e ver uma massa enorme e linda de nuvens pesadas, um céu nublado arroxeado com um arco-íris projetado contra aquele plano de fundo obscuro e encantador, mas era natural, apenas a natureza é mesmo extraordinária, contemplei e isso ainda não foi suficiente para me fazer perceber que era um dia especial. No fim da tarde fui ler um pouco sobre o olfato das serpentes e o costume que elas têm de colocar a língua fora da boca para “degustar o cheiro de presa” e depois enviar minha contribuição para um trabalho de Zoologia.

Depois, ajudei minha irmã com os estudos da escola sobre a membrana plasmática. Ao abrir o e-mail, uma triste notícia: meu curso não iria iniciar no dia seguinte, pois havia morrido um grande biólogo, que tive a sorte de ver algumas vezes e conhecer seu trabalho: Dr. Ivan Coelho Dantas, um grande botânico e ambientalista, responsável por significativas mudanças na política ambiental da região, educação ambiental, produção e distribuição de mudas e pelo plantio de milhares de árvores da flora brasileira... E a vida sempre surpreendendo...


Em um único dia eu senti boas e ruins sensações de maneira frenética, aprendi mais do que esperava e mesmo ainda zonzo e cansado, tive uma alegria; já à noite minha namorada me liga e potencializa a alegria com um simples, mas carinhoso e extraordinário “FELIZ DIA DO BIÓLOGO!”...

CA – RAM – BA!

Eu esperei ansiosamente esse dia chegar e quando vim me dar conta ele já havia passado, entretanto, isso não me veio como motivo de desapontamento, muito pelo contrário, afinal, mesmo não tendo sido influenciado pela data, eu vivenciei o meu dia do início ao fim respirando a ciência da vida e foi quase como um choque que eu percebi que do mesmo modo ocorreu nesse dia, se eu olhar toda minha história, eu vou ver que não houve um único dia em que eu não tenha aprendido, ensinado, praticado e escrito Biologia, minha vocação, minha ciência, minha vida!

Escrevi nos projetos, artigos, resumos, trabalhos, provas, nas vezes em que eu “brigava” com meu pai para ele não cortar árvores, nas longas tardes que passei andando na relva florida de setembro assistindo o vôo das mariposas e outros insetos crepusculares.


Posso, hoje, me achar na condição de me dizer um Biólogo de verdade, não pela minha vida acadêmica, que está começando agora, mas pela minha vida de estudo e descobertas autênticas, vividas espontaneamente durante cada dia da minha simples maravilhosa vida, pois seja diante da vastidão do Oceano Atlântico, seja perante um pequeno inseto, sempre tive a curiosidade para observara crítica para investigar, a coragem para explorar e a consciência para proteger a vida.
EU, no meu local de trabalho.

"A espantosa realidade das cousas 
É a minha descoberta de todos os dias. 
Cada cousa é o que é, 
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, 
E quanto isso me basta. 

Basta existir para se ser completo. "(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Educação, Ética e Opção Política.

                                                                   Herbert C. S. Araújo

“Se, portanto, queremos Igrejas e Estados bem ordenados e florescentes e boas administrações, primeiro que tudo ordenemos as escolas e façamo-las florescer, a fim de que sejam verdadeiras e vivas oficinas de homens e viveiros eclesiásticos, políticos e econômicos. Assim facilmente atingiremos o nosso objetivo; doutro modo, nunca o atingiremos.” (Comênio, apud. Silva, sd.)

Se, por um lado, a proposta de Comênio mostra a importância da educação para a organização e desenvolvimento da sociedade, por outro nos aponta boas pistas para se compreender não apenas o quanto a educação está inseparavelmente ligada à política, mas também o quanto ela pode ser tratada de diferentes formas conforme o projeto político ao qual ela esteja ligada ou mesmo submetida. Assim, a proposta de Comênio vem trazer inclusão social e democratização do processo educativo porque esse era seu projeto de sociedade, essa era a sua filosofia, mas nem todos os povos, nações etnias ou mesmo indivíduos almejam o mesmo projeto de sociedade, uma vez que tais projetos mudam temporal e espacialmente, decorrendo daí uma vasta gama de ideias acerca da educação que sempre terão por finalidade algum interesse político, por mais democrático ou rígido que seja. Logo, à medida que se discutem diferentes propostas pedagógicas que surgiram ao longo da história, nós devemos ter em conta que estão sendo discutidos diferentes ideais de sociedade.

Então, mais importante que nos preocuparmos com a ordem cronológica na qual surge cada proposta pedagógica, devemos antes de tudo dar ênfase ao significado que cada uma delas adquire quando confrontada com as sociedades contemporâneas e seus problemas mais profundos. Dito isto, se por um lado podemos dizer que a prática instrucionista idealizada por Herbart nos parece demasiadamente impositiva (além de racionalista), por outro lado podemos compreender que muitas “escolas”, sobretudo as de natureza privada, acolhem com muito interesse os modelos tradicionalistas e o instrucionismo.
Ora, se realmente acreditamos que professores são profissionais conscientes, logo reconheceremos que tal postura não é assumida por acaso. Dito de outra forma, a escola tem um papel social e tem um papel político, por isso, quando pensamos em diferentes metodologias de ensino, em diferentes práticas pedagógicas, modelos de ensino ou formas de planejamento da atividade docente, não devemos nos limitar à dualidade do certo ou errado, mas assumirmos a responsabilidade ética de escolher a qual projeto político nossa prática docente vai se vincular.

Outro aspecto interessante da educação é que seu caráter ideológico está muitas vezes ligado aos interesses das minorias privilegiadas. Falando abertamente, há grupos que se valem da educação com a finalidade explícita de exercer poder e domínio, afinal...

"O conhecimento dá poder (...). O poder dos antigos ou dos sábios, o dos feiticeiros ou dos curandeiros, nas sociedades arcaicas, é um poder dos superconhecedores. O poder sacerdotal das sociedades antigas é um poder de superconhecedores. O poder tende a monopolizar o conhecimento, para conservar o monopólio de seu poder, e assim o conhecimento se torna secreto, esotérico. Assim, portanto, os Grandes Sacerdotes, Iniciados, Universitários, Cientistas, Experts, Especialistas tendem a se constituir em castas arrogantes, dispondo de privilégios e de poderes." (Morin, in Diegues, 2001).

Dewey, por sua vez, recomenda que o conhecimento seja produto da ação dos aprendizes, que movidos pela sua curiosidade busquem o conhecimento para satisfazerem seus próprios anseios e interesses, o que constitui algo fundamental no processo de formação de indivíduos livres, capazes de assumirem a atitude de aprendizes. Essa capacidade de agir e aprender, nos leva a reconhecer também como o processo de formação se constitui importante na caracterização de um cidadão capaz de suas escolhas.

Piaget e Vigotsky também merecem destaque pelo fato de terem demonstrado as influências que o meio tem sobre o processo de aprendizado, transformando a escola não apenas num “celeiro” mas também num espelho do meio, ou seja, embora um autor dê maior ênfase ao meio social enquanto que para o outro o foco tenha sido os objetos (ou o meio físico), ambos demonstram como a aprendizagem está ligada à vivência no mundo.  Mas ainda há que se considerar algo mais: não basta estar no mundo, é também necessário estar com o mundo, como defende Paulo Freire. Para Freire, o ato de educar deve ser uma atitude de amor e respeito pela humanidade do outro. E esse outro tem o direito de ser livre, de ser respeitado, de tomar suas decisões e de estar com o mundo e modificá-lo por meio de sua ação, mas antes de tudo é necessário ajudá-lo no processo de conscientização, ajudá-lo a educar-se no sentido mais amplo do termo, e em sentido amplo, educar significa socializar.


Mentes aprisionadas, dominadas e alienadas dificilmente conseguirão discernir e decidir livremente seus rumos ou os da sociedade. Só um cidadão consciente, está apto a assumir a responsabilidade ética e política de decidir para qual ideal de sociedade ele quer contribuir.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Argumento 10 – O Sentido que a Evolução dá à Vida.




    
                                                                     Herbert Araújo

       Por algum motivo, provavelmente por orgulho, egocentrismo, ou seja lá qual for o termo adequado e com a finalidade de defender a si próprio, à sua família ou suas “propriedades”, a humanidade tem manifestado em diferentes culturas a tendência a construir barreiras que os separe de alguma coisa ao seu redor ou mesmo dos seus semelhantes. Instinto territorialista e gregário é muito comum nos mamíferos, sobretudo nos primatas (ordem de mamíferos à qual pertencemos), mas isso não explica todas as barreiras que construímos.

       Alguns muros, como os de Tijuana e Berlim, são visíveis e é mais fácil de serem criticados, mas alguns muros invisíveis, como o preconceito racial, xenofobismo e antropocentrismo são muralhas gigantescas que separam povos, culturas e, o que a meu ver é ainda mais grave: separa a humanidade da natureza. Sim isto é muito mais grave, pois em parte é por esse preconceito que hoje se discute a possibilidade de destruição, não de um único povo ou etnia, mas de toda a espécie humana e também de muitas outras espécies além dos nossos recursos naturais, que são fundamentais em qualquer sistema político e econômico. No meio acadêmico, o discurso de que estamos em uma crise planetária é cada vez mais frequente. O termo “crise planetária” pode gerar confusão. Não é o planeta que corre perigo, mas sim nós mesmos e precisamos urgentemente repensar qual o nosso lugar no meio ambiente.

       Realmente, desde que o arsenal nuclear de incontáveis megatons não seja detonado, o planeta deve estar a salvo pelos próximos quatro bilhões de anos, enquanto o sol estiver existindo. Mas a vida no planeta está sofrendo constantes agressões que infelizmente só viemos reconhecer quando começaram a prejudicar a nós mesmos. A Terra já passou por cinco grandes espasmos de extinção em massa. Períodos em que a biodiversidade do planeta foi quase completamente aniquilada e, graças aos processos evolutivos, novas espécies foram repovoando o planeta e se adaptando aos “novos” ambientes. A mais famosa extinção em massa ocorreu no Cretácio, quando desapareceram dinossaouros, pterossaouros bem como répteis e invertebrados marinhos, definindo o fim da Era Mesozóica (a “era dos répteis”). Com menos répteis, o planeta passou a ser o palco da irradiação dos mamíferos, o grupo mais importante da atualidade (Era Cenozóica). Mas esse não foi o único, e em ordem cronológica, levando em consideração o período geológico, eis as grandes extinções em massa da história da Terra: Ordoviciano (440maa), Devoniano (365maa), permiano (245maa), Triássico (210maa) e Cretáceo (66maa).

       Todos esses processos de extinção foram responsáveis por criar novas condições de vida, novos ambientes, novos mares, cadeias montanhosas como a Cordilheira dos Andes e o Himalaia, a separação dos continentes, a criação de Madagáscar, as mudanças climáticas globais e, é claro, novas espécies ou modificações no corpo e na mente delas (evolução dos instintos), foram acompanhando o ritmo do planeta, o que nos leva à inevitável conclusão de que a nossa história enquanto espécie está eterna e completamente ligada a toda a história da biodiversidade terrestre, e quando defendemos essa biodiversidade, defendemos o banco genético e os recursos naturais renováveis que estruturaram física e mentalmente nossa espécie, que nos mantém dependentes de todas as outras (afinal estamos em uma teia alimentar), que formaram os solos em que fundamos nossas nações e que sustentam nossos sistemas econômicos.

       Mas infelizmente, a humanidade tem pavor de se ver como um animal, como uma espécie viva, biológica, o homem sente orgulho de dizer que não é mais natural, que gerou “progresso” desfazendo os elos que a natureza levou mais de três bilhões de anos para aperfeiçoar, conectando por meio de uma infinita série de tentativas, erros e acertos e se valendo das forças físicas e energias fundamentais os átomos, moléculas, células, tecidos, indivíduos, populações, comunidades, ecossistemas... Até hoje, como e quem somos, se explica num contexto ambiental que não está separado da nossa cultura, pois cada cultura se desenvolveu em um suporte ecológico, a partir de um banco genético e se valendo de recursos naturais diferentes (dependendo da escala temporal que adotemos), isso, em parte explica porque populações humanas desenvolveram-se de modo tão diferente em diferentes regiões e até mesmo, em menor parte, como os povos ocuparam seus espaços (por favor, não estou afirmando que ela explica tudo, a mente humana tem uma bagagem cultural muito evidente!), afinal, todos sabemos que a varíola foi tão importante quanto a arma de fogo para aniquilar os ameríndios (de história imunológica mais recente e mais vulneráveis a doenças), mostrando mais uma vez como a nossa dimensão biológica é fundamental até mesmo para os processos culturais.


       Tais questões são muito amplas, não dá para colocar todos os pontos aqui, quem sabe em uma outra postagem? Eu só gostaria de esclarecer que esta série de textos não teve a intenção de criticar nenhuma religião, sei que é um tema polêmico, mas minha verdadeira intenção aqui foi trazer alguns pontos sobre a evolução que geralmente são esquecidos quando se debate sobre o assunto. As reflexões foram só para deixar o texto mais leve. E eu gostaria de relembrar algo que a humanidade vem esquecendo: somos histórica e ecologicamente ligados ao nosso planeta e a todas as demais espécies que nele habitam e como numa teia de aranha, de qualquer ponto se pode sentir uma perturbação em qualquer outro ponto. Muito obrigado a todos que em algum momento pararam para ler meus textos!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Argumento 9 – A Evolução Humana (como a de outros grupos) é uma Coleção de Dados que Questionam o Design Inteligente.





                                                                           Herbert Araújo

“Primeira regra na história da ciência: quando uma ideia nova, grandiosa e convincente é proposta, um exército de críticos logo se reúne para tentar derrubá-la. Tal reação é inevitável, pois é assim que os cientistas trabalham: agressivos ainda que respeitadores das regras do discurso civilizado. (...) Sendo humana, a maioria dos cientistas se conforma perfeitamente ao Princípio da Certeza, que afirma que, quando há evidências favoráveis e contrárias a uma crença, o resultado não é uma diminuição, mas um aumento da convicção de ambos os lados.” (EDWARD O. WILSON, 1994).

       O particular fato de deixar a introdução desta postagem por conta do grande Wilson (que junto com Mayr e Darwin, considero autoridades imprescindíveis quando tratamos de ecologia ou biologia evolutiva sem perder de vista a crítica e a construção epistemológica), deu-se pelo motivo de tratarmos aqui do que pode gerar maior polêmica acerca da evolução, que é a evolução da espécie humana, no que faço questão de deixar bem claro (como venho fazendo), qual o posicionamento que eu defendo como sendo o mais consistente cientificamente, mas sem achar que vou com isso encerrar o debate, pois, se depois de tanta pesquisa científica bem feita que levantou evidências anatômicas, ecológicas, bioquímicas, geológicas, paleontológicas, etológicas... E tão real que hoje chega a nós pelos supermercados, farmácias, indústrias e universidades sub o termo geral de biotecnologia (junto com a engenharia genética), não foi suficiente para demonstrar para uma parte dos intelectuais (muitas vezes leigos em evolução e ecologia) o quanto é real a transformação, especiação, especialização e evolução (macro e micro) dos seres vivos, não sou eu que vou realizar tal proeza, com dez textos curtos e resumidos! Estou apenas tentando trazer à discussão uma parte dos argumentos evolutivos que, por dolo ou falta de conhecimento mesmo, são geralmente omitidos quando se critica a evolução biológica.

       Aqui não irei explicar tudo, mas também não vou omitir o design inteligente, que pode ser um belo exemplo da agressividade supracitada, uma vez que tal corrente “científica”, não se contentando em ser o grupo que defende apaixonadamente uma ideia “científica” pouco apoiada pela ciência, vem algumas vezes recorrendo à justiça nos Estados Unidos (Martins, 2001) para retirar conteúdos evolucionistas do currículo formal e colocar conteúdo criacionista, pois uma vez que cientificamente o criacionismo fracassou em se tornar a explicação mais aceita, começaram a querer brigar no tribunal, e não mais por meio de um discurso científico autêntico (toda teoria que sucumbe sempre terá alguns defensores no futuro, mas a teoria que for mais coerente é que vai permanecer como referência ou se tornar um paradigma científico, um parâmetro confiável que orienta outros estudos). Como o tema da evolução humana tende a se estender, vou ser bem sucinto ao descrever a proposta do design inteligente, afirmando que essa proposta de explicação para a origem das espécies sugere, por exemplo, que o perfeito ajuste entre os diversos componentes da natureza (fluxos organizados de energia, adaptação morfológica dos seres vivos às suas formas de vida e a complexidade da organização bioquímica dos sistemas vivos, sobretudo os microscópicos, seriam o resultado de um projeto inteligente, logo, uma evidência em favor do criacionismo, pois Darwin não entendia como as células funcionavam).

       Um professor de bioquímica da Universidade Lehigh, na Pensilvânia (Behe), lançou um livro que se tornou muito famoso e cujo título é “A Caixa Preta de Darwin”. Neste livro, o autor afirma que os conhecimentos de sua disciplina suplantam o evolucionismo e que, uma vez que sistemas bioquímicos são compostos por várias partes interdependentes e que, já que todas as partes são necessárias para o seu funcionamento, tais sistemas só podem vir à existência completamente prontos, impossibilitando uma evolução de tais sistemas, uma vez que eles não poderiam existir de forma simplificada, Behe os denomina “sistemas irredutivelmente complexos” e tais sistemas, que também podem representar órgãos, são apontados como um dos argumentos mais fortes do design inteligente.

       Em primeiro lugar, repito que afirmar que descobertas de um único campo científico tenham plenos poderes para anular o conhecimento de outras áreas, é um reducionismo desmedido, é muita pretensão! Em segundo lugar, repito também que dados bioquímicos são uma pequena parte da enorme construção teórica que sustenta o evolucionismo, mas se é para recorrer a eles, vamos lá... A anemia falciforme é doença humana de caráter hereditário que resulta de uma mutação que altera o sexto aminoácido da β-globina (proteína do sangue). Assim, ao invés desta proteína ter o ácido glutâmico na sexta posição da cadeia, ele é substituído pela valina, o que altera o dobramento da proteína e gera hemácias (células vermelhas do sangue) com deformações que as fazem lembrar foices - falciforme significa em forma de foice.

       Os indivíduos homozigotos para o gene da anemia falciforme (que possuem a dose dupla do gene) possuem a doença em sua forma grave e apresentam um complexo quadro de complicações em sua saúde, algo evidentemente prejudicial à sua sobrevivência. Por outro lado, os heterozigotos (“gene em dose única”) apresentam uma forma da doença praticamente assintomática. O curioso nessa história, é que as hemácias falciformes apresentam maior resistência ao protozoário causador da malária e, por isso, mesmo que a capacidade de transportar oxigênio seja menor (que o normal) nos portadores da doença na forma branda, essa característica pode ser vantajosa em regiões onde a malária é uma ameaça à saúde humana. Lembram que no “Argumento 3” foi mencionado que na prática, a evolução é uma flutuação populacional que tende a caminhar para o aumento da linhagem que tem características vantajosas para um contexto ambiental e por isso começa a aumentar em número dentro da população? Pois bem, o gene causador da anemia falciforme é encontrado com maior frequência nas regiões onde são comuns os casos de malária. Simplificando, onde há mais malária, há mais gente com essa informação genética e dependendo da época em que ocorrem os surtos da malária, pode haver ainda um aumento da frequência do gene causador da anemia falciforme. Logo, estamos diante de um exemplo bem nítido de aspectos ambientais que alteram a estrutura de populações humanas em nível observável. Não é design inteligente, pois é uma doença que pode gerar complicações até letais. Ademais, se essa doença ocorre também em regiões onde a malária não é um risco à população, também aqui o design inteligente se mostra incapaz de explicar o fenômeno tão bem como o faz a seleção natural.

       Ainda temos como evidência bioquímica o citocromo c (uma outra proteína, com pouco mais de cem aminoácidos), cujas sequências de aminoácidos, quando comparadas, mostram outro exemplo,  no mínimo, digno de menção: o citocromo c dos humanos é igual ao do chimpanzé, se comparado com o das baleias, diferem em oito posições, se comparado ao citocromo c de uma ave, a diferença se verifica na posição de treze aminoácidos e assim segue. Se as proteínas revelam aspectos genéticos e esta sequência retrata os parentescos evolutivos há muito conhecidos, temos mais uma forte evidência bioquímica da evolução humana, mas vamos sair desse mundo microscópico, pois a evolução tem mais coisa para ser pensada.

       Um dos problemas mais graves que vejo no design inteligente é que ele só explica as coisas que já estão ajustadas, o que o torna meio redundante ou mesmo estático, pois traz exemplo daquilo que já está ajustado e diz que é resultado de um projeto inteligente, mas não explica os desajustes que existem na natureza, o que a evolução biológica explica muito bem. Só para mostrar algumas lacunas (para não denominar crateras, buracos negros, muito obscuros mesmo!) no design inteligente, vou lembrar que um dos pontos fundamentais do design inteligente é falar que as estruturas existentes na natureza (como os órgãos, por exemplo) apresentam forma perfeitamente adequada à sua função. Será mesmo? Então o que dizer de formas que seriam adequadas a uma função que não cumprem? Não estou falando de erros genéticos não, falo de morfologia típica de espécies mesmo e dou exemplos: nos caranguejos, os olhos são sustentados por dois pedúnculos (pequenos suportes alongados para os olhos), entretanto, há espécies nas quais os pedúnculos estão lá, mas não há olhos! É como um tripé sem luneta. O que há de inteligente em uma criatura apresentar suporte para os olhos e não apresentar olhos nesses suportes? É como jogar a luneta fora e guardar o tripé! Posso citar um exemplo ainda mais belo: como o design inteligente explica o fato de uma espécie de rato das cavernas ser cego e ter olhos enormes? Adiante, citarei características anatômicas humanas que também representam uma barreira ao design inteligente.

       Enquanto pesquisava sobre o desing inteligente, vi uma afirmação muito triste em um pdf com o título “Evolucionismo Darwinista ou Projeto Inteligente?” (Augusto Pasquoto era o nome que constava): “a teoria darwinista é cega, isto é, não admite finalismo na evolução dos seres vivos. Tudo acontece às cegas, sem planejamento. As mutações ocorrem ao acaso e a seleção natural entra em ação quando aparece alguma mutação favorável”. Em primeiro lugar, o mais inteligente aqui é realmente admitir que não haja finalidade inteligente em colocar olhos enormes num animal cego (a menos que se prove o contrário), pois já que ele vive num ambiente escuro, onde a visão não é necessária à sobrevivência, nem mimetismo nem camuflagem poderiam justificar isso! Ora, a seleção natural permitiu esses órgãos inúteis e sem finalidade sim, pois eles também não fazem mau nenhum ao rato e o mesmo se pode afirmar sobre o pedúnculo do caranguejo, a seleção natural só elimina aquilo que  é prejudicial. Uma linhagem de caranguejo sem olho pode viver muito bem sem olhos se seu ambiente permite isso, tanto é que ele vive assim. Em segundo lugar, por falar em cegueira, antes de afirmar que “a teoria darwinista é cega”, acho que esse autor deveria ter observado que se as mutações ocorrem ao acaso, não significa que a evolução não faça sentido ou que a evolução ocorra por acaso. Preciso repetir que ela é orientada por aspectos ecológicos muito bem compreendidos e descritos? (repito, leiam ecologia e evolução mesmo, antes de falar essas grosserias, senão o pessoal vai encontrar essas apologias em pdf e vai achar que é trabalho científico!).

       Outro fato que dá um bom apoio à evolução é a existência dos órgãos vestigiais (órgãos primitivos que são atrofiados por não possuírem mais utilidade). São citados alguns pela anatomia humana: apêndice vermiforme no intestino, que na espécie humana é bastante atrofiado e pode ser retirado por procedimento cirúrgico, sem danos ao organismo, enquanto que essa mesma estrutura se encontra desenvolvida em herbívoros, onde abriga microrganismos mutualísticos que degradam a celulose; cóccix, porção caudal da coluna vertebral considerado um vestígio de cauda e, consequentemente, mais um sinal de parentesco com outros animais, como macacos, por exemplo; a prega semilunar, encontrada no ângulo interno do olho, que constitui um vestígio da membrana nictante de certos anfíbios, répteis e mamíferos.

       Do mesmo modo que há órgãos que se apresentam atrofiados por não mais desempenharem suas funções originais, também há órgãos que, antes existindo para uma função, se tornaram mais elaborados e passaram a desempenhar outra função, permitindo inclusive explorar outros ambientes. O exemplo que trago aqui é o da bexiga natatória, que pode servir para mostrar que um órgão, mesmo sendo altamente especializado para sua função, pode ter evoluído e passado a exercer uma função diferente. A bexiga natatória é um órgão que em peixes ósseos, serve para contribuir com a flutuabilidade no meio aquoso, uma vez que ao armazenar gás diminui a densidade do corpo, foi a partir dessa estrutura que evoluíram os pulmões dos demais vertebrados, uma vez que há peixes pulmonados, as espécies (de qualquer grupo de animais) que apresentam pulmões não apresentam bexiga natatória, e os que a apresentam (peixes ósseos), não possuem pulmões. Digo mais, e tanto o pulmão como a bexiga natatória, surgem no embrião a partir de uma evaginação do tubo digestório, dado um tanto contundente, uma vez que o desenvolvimento embrionário recapitula a evolução de um animal e as suas relações filogenéticas.

     Bem, ao iniciar o texto sobre a evolução humana, meu intuito era descrever algumas etapas de desenvolvimento de algumas cronoespécies e morfoespécies que nos ajudariam a ilustrar as etapas que se sucederam na nossa evolução, mas como eu precisei esclarecer algumas objeções que andam fazendo sucesso, acabou não restando espaço (reparem que este texto está três vezes maior que os demais). No entanto, se ainda não ficou suficientemente claro o que a evolução tem a dizer acerca de nossa espécie, vou apenas mencionar mais dois últimos detalhes: a) A espécie humana não é um “macaco superevoluído", mas sim uma linhagem distinta de primatas que teve sua própria história evolutiva, assim como todos os outros animais, primatas ou não, e todos os demais organismos de modo geral (caso não entenderam, releiam o “Argumento 3”);  b) Se o seu orgulho ainda não lhe permite se reconhecer primata, veja que os primatas são caracterizados por alguns caracteres morfológicos, como cinco dedos nas mãos e nos pés, dedo polegar da mão mais ou menos oponível de acordo com a espécie, massa encefálica proporcionalmente mais desenvolvida que nos outros mamíferos, olhos dispostos na parte frontal da cabeça e uma forte tendência à postura bípede. Qual destas características você, caro leitor, humano e racional, não possui? Viu? Você não é um macaco, você é um mamífero, da ordem dos primatas, um ser humano.

Argumento 10



segunda-feira, 6 de maio de 2013

Argumento 8 – O Paradigma Evolucionista (Além de Darwin).




                                                                   Herbert Araújo - Postagem Revisada

       Do ponto de vista científico, a evolução não é uma teoria, é um paradigma (sistema coeso de teorias que se complementam, falando de maneira simples), e aqui nos deparamos com um ponto importante na nossa discussão acerca da evolução: não é um pensamento criado por Darwin, não se resume às afirmações de Darwin, e o trabalho de Darwin não explica tudo que concerne ou subsidia a evolução, o que ele fez foi apresentar uma teoria muito ampla e consistente que se tornou a maior referência em termos de evolução por tratar da maneira até hoje mais satisfatória a permanência, variabilidade e o surgimento das espécies dentro de um contexto ecológico muito bem estruturado: a variação e origem das espécies por meio da seleção natural.

       Entre os antecessores de Darwin (ou de sua publicação), podemos encontrar grandes naturalistas que já haviam questionado o surgimento das espécies. O mais conhecido deles é Lamarck, que foi o primeiro a despertar de fato a discussão acerca da origem das espécies em seus trabalhos “Philosophie Zoologique”, de 1809 e “Historie Naturelle des Animaux sans Vertèbres”, trazendo pontos importantes como a relevância dos cruzamentos, as relações entre espécies e variedades e a famosa “Lei do uso-e-desuso”, vastamente criticada, o que ofuscou os demais aspectos do seu trabalho. Em 1818 Dr. W. C. Wells publicou o livro “Dois Ensaios sobre o Sentido Rudimentar da Visão”, no qual defendia o princípio da seleção natural, o qual incluía seu artigo sobre o caso de uma mulher branca cuja pele apresentava certa semelhança com a pele negra, lido em 1813 diante da Royal Society. Além deles, podemos citar os trabalhos do Deão Herbert (1822, citado no “argumento 1” desta série), Grant (1826), Frake (1821, propondo que todos os seres vivos descendiam de uma forma primitiva) e o famoso Herbert Spencer, inspirador de Augusto dos Anjos e citado na poesia do mesmo, em 1852 publicou um ensaio comparando as teorias de criação e desenvolvimento dos seres vivos, concluindo que as espécies sofreram alterações, segundo ele, devido às influências ambientais. A lista poderia ser mais completa, mas vamos ser o mais simples possível...

       A publicação do livro “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life” (título por nós conhecido como “A Origem das Espécies”) em 1859, recebeu a contribuição de trabalhos de importantes naturalistas como Fritz Müller (que obteve importantes dados em favor da teoria de Darwin estudando a biodiversidade do Brasil) e Alfred Russel Wallace, que independentemente, chegou às mesmas conclusões que Darwin praticamente ao mesmo tempo (Quem quiser saber os demais naturalistas que contribuíram com Darwin, sugiro que leia a obra dele próprio).

       Após esse período, a evolução por meio da seleção natural vem recebendo inúmeras contribuições e também servindo de reforço a inúmeros outros estudos, desde os trabalhos de Mendel, até Dobzhansky, Mayr, McArthur e Wilson... uma lista enorme de geneticistas, zoólogos, médicos, ecólogos, antropólogos e muita gente, muita construção teórica que, pode não valer como verdade absoluta e incontestável, mas não deve ser pensada como se fosse uma simples teoria baseada em suposições isoladas que caíram nas graças do público. Estamos falando de ciência, e a ciência não se faz nem se critica com base em poucos aspectos, com base em métodos inconsistentes.

      Afinal, como disse o grande Edward O. Wilson “Gênio é o trabalho de muitos associado ao nome de poucos para facilitar a memória”. Ou seja, uma injustiça, como a que eu temo ter feito aqui, pois admito que na lista de pesquisadores que construíram e constroem o paradigma evolucionista, caberiam muitos outros grandes nomes que ainda não estão aqui. Foi só um breve e muito simples texto.

Argumento 9


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Argumento 7 – O Registro Fóssil é Tão Confiável Quanto o é a Geologia.



                                                                                        Herbert Araújo

       Quando se trata de registro fóssil, duas questões são levantadas contra a evolução: primeiro, se poderíamos chegar a alguma conclusão confiável pela mera comparação de fósseis e, segundo, que os fósseis não seriam uma evidência da evolução, mas apenas uma prova de que espécies foram extintas no passado. Isso merece ser discutido.

      Sobre se as conclusões em que podemos chegar pelo registro fóssil podem ser confiáveis, devemos lembrar que a paleontologia (estudo de seres antigos) está em sintonia com a geologia (que nos revela muitos aspectos importantes, processos passados e atuais no nosso planeta), que por sua vez se utiliza de diversas ferramentas como, só pra citar um exemplo, a datação por carbono radioativo (isótopo 14, ou C14), uma contribuição importantíssima das ciências exatas para o estudo de fósseis, que nos permite saber com precisão a idade de um fóssil com base na meia-vida do elemento radioativo, que entra na cadeia alimentar por meio dos organismos fotossintetizantes e passa para os demais seres vivos, vindo a diminuir de modo constante a partir do momento em que eles morrem, o que permite calcular com precisão a idade do corpo pela contagem da radiação beta até pelo menos 70.000 anos (a partir daí, a radiação restante não é suficiente). Os testes do C14 vêm demonstrando a veracidade das interpretações do registro fóssil.

      Outro ponto importante é que, mesmo nos fósseis mais antigos, dos quais é mais difícil saber a idade exata, o conhecimento das eras geológicas nos ajuda a compreender a ordem de surgimento e extinção de grupos de acordo com os fósseis de cada era. Vejamos...

       Por exemplo, podemos citar o fato de que os fósseis de espécies primitivas ocorrem em camadas pertencentes aos períodos geológicos mais antigos, ao passo que as espécies mais derivadas ocorrem geralmente nas camadas mais recentes, o que evidencia a sucessão de seus surgimentos. Seria isso um mero engano decorrido da incompletude do registro fóssil? Não! Afinal, vejamos que nas plantas, espécies de estruturas mais complexas e desenvolvidas tendem a ser mais resistentes e maiores, o que facilita sua fossilização, no entanto, não temos fósseis de angiospermas (grupo de vegetais mais derivados, com flores e frutos) que ocorram em períodos mais antigos do que os primeiros registros fósseis de pteridófitas (grupo das samambaias, plantas sem sementes).  

       Vejamos o registro fóssil vegetal a partir da Era Paleozóica (as camadas mais profundas da Terra representam períodos mais antigos). As primeiras plantas vasculares sem sementes, e relativamente pequenas, são abundantes do período Siluriano Médio até o Devoniano Médio (desde cerca de 425 até 370 milhões de anos); as plantas com sementes surgiram no Devoniano Superior (há cerca de 380 milhões de anos), ao passo que as plantas com flores (angiospermas) “só” surgiram há cerca de 125 milhões de anos. Sabemos que idades tão distantes só podem ser medidas com valores aproximados, muito bem, mas temos algo firmemente estabelecido nesse registro fóssil: a ordem em que estes eventos ocorreram e os enormes intervalos de tempo que os separam. Podemos falar em termos ainda mais claros, afirmando que se plantas simples e relativamente pequenas deixaram registros fósseis há mais de 400 milhões de anos atrás, por que não há fósseis de grandes árvores daquela época? Porque não existiam essas árvores naquela época, claro, elas surgiram só milhões de anos depois, por meio da evolução!

Argumento 8


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Argumento 6 – A Biogênese e a origem da vida.


                               
                                                                                                                            Herbert Araújo 

O NINHO: um símbolo do cuidado parental, um mistério da mente animal, um elo entre gerações,
uma evidência de que os seres vivos nascem de seus semelhantes. Afinal... a Biogênese
é argumento contra a evolução?


        Durante muito tempo houve grande debate (principalmente investigado do século XVII ao XIX) acerca do modo como surgiriam os seres vivos, ou seja, se eles poderiam surgir a partir da matéria inanimada ou se os seres vivos só surgiriam a parir de outros seres vivos. O grande cientista francês Louis Pasteur, pôs fim a esse debate por volta de 1860, demonstrando que até os microrganismos só surgem a partir de outros seres semelhantes (biogênese).  Assim, algumas vezes essa explicação é levantada como argumento contra a evolução, mas isso é inadequado, pois os trabalhos de Pasteur se estenderam por um período de tempo curto demais para estudos de biologia evolutiva, onde o tempo é fator muito importante.

      Agora vejamos porque podemos dizer que mesmo a hipótese da biogênese sendo verdadeira, ela não nega a explicação evolucionista de surgimento de vida na Terra primitiva inabitada. Sabemos que os processos evolutivos ocorrem desde a Era Pré-Cambriana, que começou com o planeta inabitado e terminou com alguns seres vivos simples, segundo demonstra a geologia, e isso, significa que quando tratamos de evolução falamos de períodos muito mais extensos do que o que durou os experimentos de Pasteur. Além disso, Müller e Urey (Universidade de Chicago) demonstraram experimentalmente, em 1953, que substâncias orgânicas podem se formar a partir dos componentes inorgânicos simples da atmosfera primitiva (amônia, gás hidrogênio, metano e vapor d’água) quando submetidos a descargas elétricas - simulando raios.

       Além disso, hoje se sabe que dois tipos de moléculas orgânicas formadas pelos mesmos átomos das sustâncias utilizadas no experimento de Müller-Urey (proteínas e RNA) são capazes não apenas de armazenar informação genética, mas também de orientarem reações químicas e produzir novas moléculas. O RNA é muito semelhante ao DNA e também funciona como material genético em todos os seres vivos, e ainda, há vírus (retrovírus como o HIV, causador da AIDS) cuja molécula que serve de base para a herança genética é o RNA.

       Conectando adequadamente essas informações comprovadas cientificamente, temos uma transição clara do inorgânico para o orgânico e do orgânico para o vivo. Além disso, a evolução se mostra uma boa explicação, pelo fato de que a maioria dos seres que existem hoje, não teria sobrevivido às condições de eras geológicas passadas, o que indica que eles foram surgindo depois que essas condições mudaram gradualmente. E como saber se podemos confiar nas evidências do passado, como fósseis, por exemplo? É o que veremos no próximo texto.

Argumento 7


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Argumento 5 – A evolução não é um simples acaso.






           Nova informação genética e novas características nos organismos podem surgir por acaso, por meio de poliploidia, transposição, crossing over e um número infinito de mutações que ocorrem por acaso, mas não é o acaso que determina quais características vão prevalecer, e sim as exigências do meio em que vivem esses organismos.

           Muitas vezes um dos motivos pelos quais as ideias evolucionistas são rejeitadas é pelo simples fato de algumas pessoas imbuídas do pensamento humanista misturado com certa dose de orgulho não aceitarem que o código genético humano tenha surgido por “acaso” durante a evolução. Outros, como o grande filósofo e teólogo William Lane Craig, defendem algo como a impossibilidade de o código genético humano ter surgido do acaso, ou “naturalmente” (discutindo em termos probabilísticos). Concordo com o Dr. Craig em muitas de suas firmações, mas para quem conhece os processos biológicos, é um completo equívoco basear uma afirmação acerca dos processos evolutivos em simples cálculos probabilísticos (geralmente feitos por físicos, e não por geneticistas ou ecólogos), por motivos muito simples...

            Primeiro, a ciência atualmente considera que para cada problema, deve ser aplicado o método especialmente desenvolvido para o estudo daquele problema ou área do conhecimento (métodos da anatomia não explicam processos geológicos, por exemplo), ainda assim, como afirma Morin, esses métodos precisam ser sempre revistos e aperfeiçoados. Isso torna um ultraje, uma ofensa ao proceder científico sério e rigoroso alguém desconsiderar centenas de trabalhos feitos por especialistas e querer trazer um cálculo desenvolvido em sua área, para fazer afirmações sobre um fenômeno completamente diferente. Sou um verdadeiro fã da física, mas quando físicos querem tratar de problemas como metabolismo de DNA, deveriam lembrar que se existem cálculos específicos para vetores e outros cálculos para a calorimetria, é porque não é conveniente fazer uma conversão da escala Celsius para Fahrenheit utilizando a Segunda Lei de Newton.

          Segundo, antes que alguém diga que a biologia não sabe lidar com cálculos, devemos lembrar que há cálculos específicos para frequência de recombinação gênica, mapeamento genético, primeira e segunda leis de Mendel (muitos criacionistas radicais parecem só conhecer as leis de Mendel), dinâmica populacional, biogeografia de ilhas e muitos outros. O que admiro nos biólogos é que eles sabem quando os cálculos não são suficientes, enquanto que as pessoas que não sabem fazer cálculos, acreditam muito naqueles que dizem saber fazê-los.

         No próximo argumento vou discutir a afirmação recorrente feita por alguns famosos (como Adauto Lourenço), segundo a qual a derrubada da ideia de geração espontânea aristotélica (abiogênese) e comprovação da biogênese por Luis Pasteur, seria uma prova contra a evolução, mas isso, é facilmente refutado se considerarmos algo que o Adauto Lourenço, como físico, deve compreender bem: a escala de tempo.

Argumento 6


quinta-feira, 4 de abril de 2013

O Paradigma da Complexidade e Sua Contribuição na Educação Formal: uma breve reflexão sobre a proposta.


Se considerarmos que a educação deve contribuir para a formação de cidadãos críticos, esclarecidos, capazes de compreender seu contexto ambiental (o que inclui a própria sociedade), capazes de relacionar os diferentes fatores (históricos, políticos, psicológicos, ecológicos etc.) que permeiam os diferentes aspectos de sua humanidade, ou simplesmente, nos termos de Durkheim, que a educação cumpra seu papel de socializar o indivíduo, devemos dar grande atenção ao Paradigma da Complexidade, pois, como nos alerta Morin “Compreender o homem não é separá-lo do universo, mas situá-lo nele.”.

O Pensamento Complexo


Mas o que propõe Morin? Que as pessoas passem a saber de tudo? Conhecer tudo? Não, pois como ressalta este autor, o importante não é uma cabeça cheia, mas uma cabeça bem feita! Isso implica uma reforma no pensamento. Não necessariamente no conteúdo, a atenção aqui é dada ao pensamento. De modo semelhante à passagem da visão geocêntrica à visão heliocêntrica, que baseou-se nos mesmos elementos da visão antiga (corpos celestes), para explicar a relação entre eles em uma compreensão nova do mesmo sistema. Ao invés da separação, a distinção; ao invés do pensamento linear, sem volta, um pensamento que consiga religar o início ao fim, mas não preso a um fluxo circular e sim como uma espiral, que se expande a cada volta. Ao invés da visão parcial, uma visão multilateral.

Um dos motivos para começarmos a dar mais atenção à complexidade, é que estamos cercados de problemas complexos (complexo, aqui, não significa complicado, ininteligível, mas sim algo multilateral). Dito de outra forma, a maioria dos problemas de nossa sociedade possui muitas faces: problemas ambientais, por exemplo, reúnem aspectos jurídicos, históricos, culturais, perceptivos, educacionais, ecológicos (ecologia por si só já é complexa), econômicos (se considerarmos a violência, chegamos a uma conclusão semelhante) e todos esses aspectos nos impõem uma libertação do reducionismo, que insiste em separar tudo e reaprender a conectar, adotando um pensamento sistêmico.

A questão é que nossa ciência muitas vezes caminha para uma separação das diversas áreas do conhecimento, mas sabemos que a realidade não se limita aos modelos teóricos de uma ou poucas ciências.  Por outro lado, a própria ciência nos mostra o caminho para essa nova visão, algumas ciências, como a ecologia, se tornaram fundamentais na atualidade justamente relacionando diferentes conhecimentos (da física, da química, da própria biologia e até mesmo das ciências humanas) e isso nos trouxe uma nova e importante visão de mundo, onde tudo está interligado.

A metodologia

A Complexidade não é uma teoria, mas um paradigma (sistema de teorias, como define Mayr). Não se limita a nenhuma disciplina, mas propõe a conexão entre elas (distinguir sim, separar não).

Em se tratando de pesquisa científica, o método dependerá da natureza do problema (cálculos, pesquisa qualitativa, etnografia...) desde que bem planejado, descrito e que não se perca de vista o fundamento científico e filosófico e, se mesmo assim, o procedimento adotado não for suficiente para explicar o fenômeno em sua totalidade, pode ser aperfeiçoado com o andamento da pesquisa (o que deve ser evitado e, para isso, é recomendável que antes do início do estudo, o pesquisador faça uma investigação preliminar para verificar a eficácia do seu aparato de pesquisa). O Paradigma da Complexidade vem sendo adotado principalmente na área das ciências humanas e ambientais, mas desde a proposição do princípio da incerteza, na física quântica, e outros novos conhecimentos das ciências exatas, vem se firmando como paradigma emergente de pesquisa e traz nova luz à ciência, reorganizando e ampliando o conhecimento.

Na educação, a Complexidade tem uma metodologia baseada na proposta de transdisciplinaridade, uma vez que as realidades-chaves “passam por entre as fendas que separam as disciplinas” (Morin, 2005). É bom lembrar, que a prática transdisciplinar e interdisciplinar requerem projetos pedagógicos adequados. Os currículos devem ser repensados nesse sentido. O conhecimento fragmentado de acordo com as disciplinas impede frequentemente de operar o vínculo entre as partes e sua totalidade, mas o conhecimento deve ser capaz de compreender os objetos em seu contexto sua complexidade, seu conjunto.

 É necessário, como nos incentiva Morin (2003), fugir do engessamento dos modelos e das tentações racionalizadoras, conforme expostas abaixo:

·         A idealização, que consiste em acreditar que a realidade como um todo possa se reduzir a uma ideia;

·         A racionalização, ou pretensão de querer fechar, capturar o que entendemos por realidade na ordem e na coerência anestésica de um sistema;

·         A normatização, que elimina e combate o que é estranho e irredutível.

Na era global, caracterizada por problemas planetários, a educação deve formar cidadãos capazes de atuar nas mais diferentes esferas sociais com um pensamento que sempre saiba conectar os aspectos de sua realidade local a esse contexto global. A realidade complexa exige a compreensão da ciência objetiva, mas também das subjetividades que estão sempre presentes nos fenômenos sociais. Em outras palavras, o Pensamento Complexo é um novo paradigma para uma nova sociedade.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Prontos para o ataque!

Ensaio fotográfico
(Herbert Araújo)





Quando vemos um predador atacando uma presa, nos impressionamos com suas habilidades e muitas vezes esquecemos do quanto é difícil a vida desses organismos. Já que ninguém quer ser uma presa, os predadores precisam desenvolver muitas adaptações para terem sucesso na sua luta pela sobrevivência...



Camuflagem é uma das saídas mais comuns. A abelha da foto, foi surpreendida
por este inseto (provavelmente um hemíptero), cuja forma e cores o camuflam
junto à inflorescência da  vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata L.).
                                Aranha sem teia?





A  coesão gerada pela polaridade das moléculas de água, gera
  uma tensão superficial forte o suficiente para que este pequeno
animal, caminhe e capture suas presas na superfície da água.


Tamanho não é documento!
As formigas, além de possuírem um aparelho bem adaptado, também são
dotadas de muita força, podendo carregar corpos muito mais pesados
que elas próprias.


Além de possuírem camuflagem, as cobras também contam com uma
estranha adaptação: seu crânio é dotado de ligações muito móveis,
e a mandíbula pode realizar amplos movimentos ao engolir a presa.