quinta-feira, 18 de junho de 2015

Interlúdio


“Impomos a todas as coisas o nosso relógio de cozinha, com o seu tique-taque sempre igual. Maravilhamo-nos com a rapidez do rato, exprimimos aborrecimento com o torpor do hipopótamo. E, no entanto, cada um deles vive segundo o ritmo do seu próprio relógio biológico.” Stephen Jay Gould


Só a mudança é permanente, mas até ela é inconstante. O ritmo das coisas muda e haja coragem para admitir. Não é nada fácil lidar com o tempo que se vai enquanto buscamos no horizonte o caminho em que devemos pôr os pés. Mas o que importa é a forma como vivemos nossos momentos mais que a duração deles, afinal, alguns insetos vivem um único dia depois que saem do casulo e isso lhes é suficiente. Os pequenos Ephemeroptera sabem o valor de um dia. A gente passa tanto tempo batendo à porta sem ser ouvido e depois ela se abre por acaso quando já fomos embora. Paciência... Cansado de chamar em vão, já à porta de [minha] casa, onde me visito diariamente para compartilhar meu pesar com as paredes, amadureço ideias silenciosas. Ser ouvindo nem sempre garante a porta aberta e se resolvi me abrir agora, foi por respeito e não por esperança. 

Afinal, de que adiantam os ouvidos quando a alma quer ser surda? Grato pelos que me ouviram, mas no fim as coisas continuam sendo o que são. Grito algum romperia o escândalo que é o silêncio ou a arrogância da mudez então estimulada. Até o instinto pode ser calado por um ambiente hostil e você pode não entender o porquê, mas aquele gosto que a vida tinha não é mais o mesmo; como se realmente não desse para estimular papilas quando se imerge nos excessos. Um choque térmico fechou o tempo em mim.

“O tempo parou, feito fotografia
Amarelou tudo que não se movia
O tempo passou, claro que passaria
Como passam as vontades que voltam no outro dia”            
                                            Humberto Gessinger


Desculpem as metáforas, serei mais claro... Dizem que há um tempo certo para cada coisa, mas na prática, é muito difícil desvirtuar o impulso de ir à luta e elevar ao status de virtuosa paciência essa coisa de ficar parado. Estar de mãos atadas não ajuda a ser paciente. No entanto, a duras penas aprendi como a calma ajuda a desamarrar as mãos, uma vez que não há liberdade sem libertação. Olhei muito para as coisas que insistiam em ser as mesmas sempre. Até compreender onde estava aquela mudança que sempre procurei naquele mundo parado.

Tudo permaneceu ali e eu não saí do lugar, voltei as costas, fechei os olhos a isso tudo e lá estava ela incessante dentro de mim. A mudança não é uma lagarta deixando rastros de destruição nem uma borboleta de beleza ostensiva: é um casulo discreto confiando em um galho seco. Uma transição silenciosa entre fases de frenesi que a nada levam. Glândulas falam do que dura como se secretassem nova carapaça...

Contraditório isso. Mas todas as contradições fazem algum sentido e ele nada mais é que o abandono das mudanças aparentes que fazem o mundo ser sempre o mesmo.

Imagino que o lepidóptero não compreenda sua entrada no casulo ou a saída dele.  Sinta apenas que uma mudança está a afetar seu comportamento e metabolismo. É assustador pensar que as mudanças mais importantes da vida possam ser inconscientes. As estações não sabem, não querem, nem se alegram, mas mudam caindo como folhas secas levadas por ventos tortuosos. Em meio a isso tudo um casulo. Não sei se estou entrando ou saindo, mas olhando daqui o mundo à minha volta, me lembro com tristeza de como era tudo lindo e me pergunto se a causa disso tudo foi a hostilidade do clima ou o ímpeto do meu desenvolvimento em um meio que extrapolara sua capacidade de suporte. Tudo converge para o insuportável e ainda não sabendo a causa, não deixo de pensar nas conseqüências. Esqueçamos o hexápode agora, quem vos fala é um humano que quer defender sua postura bípede, porque cair não é solução. 

Foi por toda essa confusão [que acabei de descrever sem explicar] que resolvi deixar algumas coisas importantes de lado. Precisei de uma vida inteira de dedicação para ver como é alto o preço a se pagar pela coragem de traçar seus caminhos. Ser capaz de realizar pode não ser vantagem se você atravessa o deserto por um copo d’água num mundo onde os demais apenas querem uma boa sombra de onde possam te julgar confortavelmente. É por esse mundo que não vale a pena lutar.

Sei que talvez isso seja só a mudança em sua marcha, mas incomoda. Então vem chegando a hora de adormecer para não ver a apoptose dilacerar tecidos que se fortaleceram com tanto esforço. Voar ainda é uma possibilidade, mas não antes de sobreviver, para desenvolver e só então olhar com esperança para o horizonte. Apoptose, ou novos genes a serem expressos? Não compreendo bem esta fase, mas enquanto não aflora a real forma do meu DNA, tem sido difícil e silencioso.

“Onde estão os caras que pregavam no deserto ?
(o deserto continua lá)

Onde estão os caras que deixavam as portas abertas para a vida poder circular ?” Gessinger

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Semiárido: do preconceito ao conhecimento.

Casal de rolinhas da espécie Columbina minuta. Foto: Vinícius Cavalcanti



           Flora: pelo menos 1500 espécies de plantas vasculares;

Aves: 510 espécies (distribuídas em 62 famílias);

Peixes: 240 espécies pertencentes a sete ordens (ordens mais numerosas: Siluriformes 101 spp e Characiformes 89 spp);

Répteis: 119 espécies (Amphisbaenia 10 spp, Crocodilianos 3, Lagartos 47, Serpentes 52 spp e Testudines 7 spp);

Anfíbios: 56 espécies (Anura 53 spp e Gymnophiona 3 spp);

Mamíferos: 156 espécies (12 spp endêmicas).


Os dados acima se devem especialmente a duas revisões extensas. A primeira consta no livro Ecologia e Conservação da Caatinga [editado por Inara Leal, Marcelo Tabarelli e José Maria Cardoso da Silva, publicado em 2003] e a segunda no artigo Caatinga Revisited: Ecology and Conservation of an Important Seasional Dry Forest [ALBUQUERQUE et al., 2012]. Eles mostram de maneira contundente que a região semiárida é antes de tudo, um lugar rico.

O famoso carcará - Caracara plancus. Foto: Vinícius Cavalcante
Entre os pesquisadores mais influentes que desbravaram o semiárido com importantes estudos para a descrição da Caatinga sob diversos aspectos, podem ser citados Dardano de Andrade-Lima, Assis Naziz Ab'sáber, Ana Maria Giuliette, Maria Jesus Nogueira Rodal, Marcelo Tabarelli, Inara Leal e seus vários colaboradores, cujas pesquisas ajudaram a revelar as principais características do clima, geomorfologia e vegetação do bioma, cuja rica biodiversidade ainda não é completamente conhecida. 

Não seria possível o desenvolvimento sustentável antes que se conheça o lugar, suas potencialidades, riquezas e limitações. Muitos são os pesquisadores de diversas áreas que dão continuidade à produção de conhecimento da região e elaboração de propostas para sua conservação. Muitas vezes o fazem com pouco incentivo à pesquisa ou nenhum apoio da esfera política para sua aplicação a essa causa primordial para o avanço efetivo de qualquer nação, mas sem eles estaríamos muito mais distantes do avanço necessário. Se hoje sabemos que o semiárido é uma região de beleza e potencialidades, é graças a esses cientistas.


Vegetação

Conhecida por apresentar na sua vegetação plantas adaptadas à seca, a caatinga é descrita na literatura científica como um ecossistema que inclui regiões nas quais a cobertura vegetal assume diferentes fisionomias, ou seja, de acordo com as condições de solo, umidade e regime de chuvas, sua cobertura vegetal vai desde áreas florestadas até os afloramentos rochosos, onde predomina a rocha exposta. A flora da caatinga também apresenta diferenças entre essas regiões, de modo que muitas espécies de plantas são típicas de algumas partes da caatinga.


Tacinga inamoena, planta comum no semiárido. Foto: Herbert Araújo.


É uma vegetação predominantemente arbustiva e de dossel descontínuo, composta por plantas caducifólias, espinhosas, micrófilas ou mesmo afilas, cuja distribuição, sob os domínios do clima semiárido, cobre principalmente as áreas de menor altitude e apresenta-se como uma vegetação sazonalmente seca, denominada xerófita. A palavra “caatinga”, de origem indígena, é o termo empregado tanto no uso comum como na literatura científica para designá-la (Andrade-Lima, 1981). O nome é de origem Tupi-Guarani (etimologicamente explicado pela junção de “ca’a” significando mata ou planta, “tî” derivado de “morotî” -branco- e “nga”, derivado de angá - semelhante) e significa “mata branca” ou “esbranquiçada” (Prado, 2003) referente ao aspecto condicionado pela perda das folhas na estação seca.




O pinhão Jatropha molissima  em período reprodutivo. 
Foto: Herbert Araújo
Há alguma discussão sobre a Caatinga ser um bioma ou não. Para alguns pesquisadores, a diversidade de fisionomias e diferentes aspectos da Caatinga em diferentes regiões de sua distribuição representam uma variedade na sua vegetação que está para além daquela definida por um bioma. Mas para outros, a Caatinga é sim um bioma, uma vez que sua definição como tal comporta as diferentes fisionomias.




São verificadas as seguintes características em comum com relação à vegetação: a) cobre uma área mais ou menos contínua, submetida a um clima quente e semiárido, limitado por áreas de clima mais úmido, cuja maior parte encontra-se na Região Nordeste e uma pequena parte no norte de Minas Gerais; b) possui espécies adaptadas a deficiências hídricas (verificando-se caducifolia, suculência, acúleos e espinhos) sendo marcada por um dossel descontínuo de pequenas árvores, predominância de arbustos e algumas ervas anuais; c) há espécies típicas desta e ocorrentes em outras áreas secas, mas que não ocorrem nas áreas úmidas circundantes, de acordo com Giulietti et al. (2003).

Segundo Coutinho (2006), a caatinga nordestina sensu lato corresponde a um bioma que se constitui de um complexo de formas fisionômicas distribuídas em mosaico, como caatinga arbórea, arbustiva e espinhosa entre outras e Rodal et al. (2008), também corroboram as afirmações acerca da diversidade vegetacional da caatinga, sendo esta caracterizada pelo predomínio da savana-estépica (caatinga sensu stricto), mas não se apresentando homogênea e sim com variada cobertura vegetal em escalas regional e local, em grande parte determinada pelo clima, relevo e embasamento geológico. 

Para entender melhor a relação entre geomorfologia, clima e vegetação do semiárido, leia o post O SEMIÁRIDO E SEU CLIMA.


Referências

AB’SABER, A. N. O domínio morfoclimático das caatingas brasileiras. São Paulo: Instituto de Geografia, USP, Geomorfologia, 1974.

ALBUQUERQUE, U. P. et al. Caatinga revisited: ecology and conservation of an important seasonal dry forest. The Scientific World Journal, v. 2012, 2012.

COUTINHO, Leopoldo Magno. O conceito de bioma. Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p. 13-23, 2006.
GALVÃO, A. C. F. A questão da água no Nordeste. Brasília,MMA/ANA/CGEE, 2012.
GIULIETTI, A. M. et al. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: SILVA, J. M. C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M. T. & LINS, L. V. (orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. p. 48-90. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 2003.

LEAL, I. R.; DA SILVA, J. M. C. Ecologia e conservação da Caatinga. Editora Universitária UFPE, 2003.

ANDRADE-LIMA. The caatingas dominium. Rev. Brasil. Bot, v. 4, n. 2, p. 149-163, 1981.

PRADO, Darién E. As caatingas da América do Sul. Ecologia e conservação da Caatinga, v. 2, p. 3-74, 2003.


SANTANA, Marcos Oliveira. Atlas das áreas susceptíveis à desertificação do Brasil. 2007.

O semiárido e seu clima


A Região Nordeste é estigmatizada por uma visão propagada pela mídia como região possuidora de um interior quente, seco e portanto, pobre. Os adjetivos "quente" e "seco" encontram respaldo científico. Mas a pobreza, onde quer que ocorra, não deve ser confundida com fenômenos naturais: ela é fruto da injustiça social e econômica ou do uso inadequado dos recursos da região. Reiteramos aqui que as condições de semiaridez são peculiaridades climáticas do ambiente com as quais devemos conviver. Se o clima semiárido fosse sinônimo de pobreza, Las Vegas, nos Estados Unidos, seria um lugar bastante pobre, uma vez que apresenta semiaridez mais aguda que o nordeste brasileiro.

 Ver mapa
Delimitação atual.
Na América do Sul, há três núcleos de regiões semiáridas, tratadas por Ab’Saber (1974) como “diagonal arreica do Cone Sul”, que vai das estepes frias da Patagônia ao norte do Chile e noroeste argentino; o “domínio das caatingas semiáridas do Nordeste brasileiro” e o “domínio semiárido guajira”, na Venezuela, no extremo norte–noroeste do bloco continental  sul-americano. No Nordeste, a semi-aridez do sertão é uma condição característica das depressões interplanálticas (com altitude geralmente abaixo de 300m), encontrando-se zonas de exceção, como os brejos de altitude (geralmente acima de 500m de altitude) e transições rápidas e complexas nos seus limites (na Zona da Mata, Maranhão e Bahia) para climas subúmidos.

A região semiárida brasileira foi definida (quando de sua criação pela Lei Federal nº 7.827, de 27 de setembro de 1989, em substituição ao Polígono das Secas) com a precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 mm sendo adotada como critério (MMA, 2007). Entretanto, em 1974, Ab’Saber já reconhecia, além da precipitação, a alta incidência solar e altas temperaturas médias anuais (então em torno de 26-27° C) promovendo uma intensa evapotranspiração e um consequente déficit hídrico, contribuindo para um clima semiárido em uma área por ele estimada em 700.000 a 800.000 Km2.

O semiárido nordestino em sua delimitação atual, que leva em consideração, além da precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 mm, o índice de aridez (IA) de até 0,5 (calculado pela relação precipitação/evapotranspiração potencial no período compreendido entre 1961 e 1990) e risco de seca superior a 60% tomando como base o período de 1970 a 1990, possui área atual correspondendo a 982.563,3 Km2 (MMA, 2007).

Os solos regionais são de especial importância no reconhecimento do caráter semiárido global da região, uma vez que constituem um suporte extensivo de uma conjuntura biogeográfica que escapa tanto do campo da aridez como das paisagens tropicais úmidas, de modo que a província das caatingas apresenta, ao mesmo tempo, tipos variados de vegetação xeromórfica dotada de importante biomassa e um estoque global de solos muito mais rico em massa e importância agropastoril que a média das regiões semiáridas conhecidas. Considerando-se o modelo morfoclimático, proposto por Ab’Saber em 1970, o qual apresenta estreita relação com as regiões fitogeográficas e vem sendo complementados por dados atuais, o interior semiárido pertence à área nuclear da Caatinga, caracterizada pelas depressões interplanálticas e intermontanas.


O relevo

As depressões interplanálticas do interior nordestino, comumente chamadas de Sertão (área típica de distribuição da Caatinga), são planícies de erosão formadas entre o fim do Período Terciário e o início do Quaternário. Processos erosivos tiveram grande importância na delimitação entre o Sertão e as regiões mais altas, como o Planalto da Borborema, de clima mais úmido.

De acordo com Ab’Saber (1999) o Grupo Barreiras, nos tabuleiros do Nordeste oriental, formou-se quando grandes compartimentos interiores eram abaixados e aplainados por erosão, sendo removida e depositada grande massa de detritos na região sublitorânea; a aplainação lateral (incluindo a pediplanação), que originou as depressões interplanálticas dos sertões, deixou alguns monólitos (rochas isoladas) que resistiram a tais processos, são os inselbergs típicos da região.

        Em 1978, Mabessone afirmou que o nordeste brasileiro é uma área exemplar de ocorrência dessas formações rochosas, que se caracterizam por montanhas isoladas bem escarpadas, separadas da planície por uma transição abrupta com um topo agudo ou arredondado, sendo as serras, então, um conjunto de inselbergs ainda não separados em unidades individuais. Assim, os inselbergs são um testemunho de resistência aos processos de formação da região sertaneja.



A SECA

Em escala global, as condições atmosféricas e a origem das chuvas do semiárido nordestino podem ser compreendidas pela influência das correntes de ar relacionadas à Zona de Convergência Intertropical (MMA, 2007), bem como por variações de temperatura nos oceanos Atlântico e Pacífico, apresentando, em escala local, uma variação nas condições ambientais resultantes da interação do clima com solo e vegetação.As chuvas na porção sul da região (Bahia, norte de Minas Gerais e sul do Maranhão e Piauí, concentradas de novembro a fevereiro) são influenciadas principalmente por frentes frias do Hemisfério Sul e pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), sendo a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) o principal causador de chuvas (centradas de janeiro a abril) para o norte da região, enquanto o leste concentra as chuvas de abril a julho pela convergência dos ventos alísios de sudeste, formando uma banda sul da ZCIT (MMA, 2012) e com a região central sendo a mais seca (Ab’Saber, 1970; Ab’Saber 1974).
  
O ciclo das secas sofre influência do aumento de temperatura dos oceanos Atlântico e Pacífico, de modo que, de acordo com a MMA (2012), o aumento das temperaturas na superfície do Atlântico Tropical, a ocorrência das águas anomalamente quentes, com temperatura da superfície do mar alta (TSM quente) sobre o Atlântico Equatorial e Sule mais frias no Atlântico Tropical Norte são observadas em anos com pluviometria acima da media no período de março a maio de cada ano para o leste da Região Nordeste e seca no norte do nordeste e leste amazônico, situação que se inverte quando ocorre TSM quente no Atlântico Sul e fria no Atlântico Norte, dadas as influências que a temperatura do oceano exerce nas correntes de ar no Nordeste.

Reconhece-se também que o aquecimento do Pacífico Equatorial Leste (El-Niño), mostra conexão com os eventos de seca na Região Nordeste, uma vez que esse fenômeno inverte as células de convecção atmosférica e, com o aumento da circulação descendente a leste, impede a formação de nuvens sobre a Região Nordeste e parte da Amazônia de modo que em anos de El-Niño, ocorrem secas nessas áreas(MMA, 2012; MMA, 2007) que têm a alta entrada de energia solar promovendo considerável evaporação, capaz de neutralizar os efeitos das chuvas sazonais(Ab’Saber, 1974).
   



Referências


AB’SÁBER, A. N. Províncias geológicas e domínios morfoclimáticos no Brasil. Geomorfologia, São Paulo,v. 43, p. 20-26,1970.

AB’SABER, A. N. O domínio morfoclimático das caatingas brasileiras. São Paulo: Instituto de Geografia, USP, Geomorfologia, 1974.

       AB’SÁBER, Aziz Nacib et al. Dossiê Nordeste seco. Estudos avançados, v. 13, p. 5-59, 1999.

GALVÃO, A. C. F. A questão da água no Nordeste. Brasília,MMA/ANA/CGEE, 2012.
MABESSONE, J. M. Panorama geomorfológico do nordeste brasileiro. Geomorfologia, São Paulo, V. 56.p. 1-16,1978.

PRADO, Darién E. As caatingas da América do Sul. Ecologia e conservação da Caatinga, v. 2, p. 3-74, 2003.

SANTANA, Marcos Oliveira. Atlas das áreas susceptíveis à desertificação do Brasil. 2007.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Instituto Olavo Bilac e suas Conquistas com a Astronomia

Solenidade de entrega de medalhas e certificados da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica com alunos e professores do Instituto Olavo Bilac - 2014.

        Já imaginou uma escola que faz dos estudantes aspirantes a cientistas? E que tal um professor que torna as aulas de ciências uma jornada rumo a novos horizontes? Poderia parecer utópico se fosse só discurso, mas na verdade trata-se de um bom exemplo dado pelo professor Felipe Torres e seus alunos no Instituto Olavo Bilac, em Santa Cruz do Capibaribe, interior de Pernambuco.

Entre os destaques da edição anterior, mencionamos os alunos Renan Brito que no 7º ano foi medalha de bronze e Laura Victória que no 9º conseguiu a Medalha de ouro pelo desempenho alcançado na XVII Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) no Rio de Janeiro (RJ).
                

          A receita? Dedicação e incentivo ao estudo da astronomia. Claro que uma boa dose de atividades práticas também é fundamental e elas também fazem parte do processo de aprendizado na escola.
Professor Felipe Torres e estudantes do Instituto Olavo Bilac na
primeira etapa da construção dos foguetes (nível  02).

Aliás, as aulas práticas são uma característica das aulas do professor Felipe, afinal, ciência é uma atividade humana e não um mero discurso. Foi fazendo valer essa ideia que a escola abraçou a causa de preparar os estudantes para a OBA e os resultados são mais que compensatórios. São motivo de orgulho.

Não haveria outro jeito de encerrar esta postagem, senão parabenizando a escola em seu conjunto, em especial aos alunos, pequenos vencedores que estão descobrindo na astronomia um sentido novo para sua educação. E é claro, gostaríamos de ver mais desses no nosso país. Esperamos que o belo exemplo mostrado aqui inspire professores e alunos a repensar seus papéis na construção do conhecimento. Afinal, com um pouco mais de amor pelo ofício e um olhar diferente sobre a realidade, o céu é o limite: já disse o poeta...

Via Láctea (trecho XIII)

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

(Olavo Bilac)

terça-feira, 14 de abril de 2015

Astronomia, observação e imaginação.

O estudo da astronomia mostra como somos pequenos em um universo de um tamanho tão impressionante que fica difícil de imaginar. Mas mesmo assim, ficamos imaginando... Coisas como viajar pelo espaço, a distância entre as estrelas, a quantidade de estrelas no céu e uma série de coisas difíceis de contar.


O tamanho da Via Láctea, a nossa galáxia, é de 100 000 anos-luz. Essa distância só pode ser expressa pela velocidade com que a luz percorre o espaço: ela viaja 300 mil quilômetros em um único segundo, mas levaria 100 mil anos para atravessar nossa galáxia. Mas como é possível medir o que não podemos alcançar? Essa é talvez uma das coisas mais interessantes na astronomia e também sua marca registrada: os cálculos astronômicos. Um exercício de observação, imaginação e muita matemática!


Um matemático e filósofo chamado Tales, que saiu em viagem da Grécia, foi desafiado quando estava no Egito. Seu desafio foi medir a altura de uma das enormes pirâmides que existem lá, a pirâmide de Quéops. Mas como ele poderia medir algo tão alto se não poderia subir até o topo? A saída para resolver o problema não poderia ter sido melhor: no Egito faz muito sol, já reparou que as nossas sombras, quando estamos ao sol, mudam de tamanho conforme a hora do dia e a altura de cada um? Veja no desenho:  

Para calcular a altura da pirâmide de Quéops, Tales usou a luz do Sol e sua posição. Como sabia que existe uma razão entre o tamanho de um objeto e a sombra que ele projeta, bastou pegar um bastão de tamanho já conhecido e medir sua sombra, medindo ao mesmo tempo a sombra da pirâmide. Com isso, ele determinou o tamanho da pirâmide, com cerca de 150 metros de altura e ganhou muito respeito e admiração do faraó.

A sombra da pirâmide é bem maior que a sombra de uma pessoa na mesma hora do dia. Tales já sabia como calcular a altura de um objeto através da sua sombra. Para isso, bastava medir a sombra de um outro objeto de tamanho conhecido.  E com base na relação existente entre a altura de um objeto e o comprimento da sombra que ele projeta no chão, calculou a altura da pirâmide.

Um raciocínio parecido foi utilizado por Eratóstenes, também grego, que sabendo a distância entre as cidades de Alexandria e Siene, utilizou o ângulo do Sol observado das duas cidades para determinar a distância da superfície até o centro da Terra. Essa distância é o raio da Terra e ele determinou com uma precisão muito boa, embora não tenha chegado no valor exato, que é 6.378 km.

A Astronomia também utiliza a observação dos corpos celestes, da luz que eles emitem, das sombras que se formam, das figuras geométricas imaginárias formadas para criar mapas do espaço sideral, calcular distâncias e velocidades em lugares distantes. As constelações também são um produto da nossa imaginação, pois as estrelas que parecem próximas entre si, formando desenhos no céu, estão na verdade a distâncias enormes umas das outras. Diferentes povos como os índios brasileiros os nativos andinos e os gregos deram nomes diferentes às constelações e estrelas, porque a imaginação dá tantas possibilidades quanto as estrelas que vemos no céu e por isso os astrônomos escolheram algumas para serem as constelações “oficiais”, para não haver confusão.

Portanto, quando estudamos astronomia, e vemos esses cálculos complicados e números com um monte de zeros, pensamos que o primeiro passo para estudar os astros seja a matemática, mas na verdade, tudo parte da imaginação e de observações: os cálculos vêm só depois!


                                                                                      Herbert C, S. Araújo

terça-feira, 7 de abril de 2015

Aulas para Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica com o professor Felipe Torres

E aí galera! Tudo bem com vocês?
Aqui estão nossas aulas de Astronomia e Astronáutica, para vocês aumentarem seus conhecimentos e fazerem bonito na OBA!

Elas serão um complemento importante nos estudos. Aproveitem o máximo! 




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Espaço OBA - Aula 1

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